Por Paulo Martins
Escreve um poema, palestiniano
escreve um poema para teus irmãos de Gaza
escreve um poema para os filhos de Gaza
escreve um poema para as mães de Gaza
escreve um poema para as crianças de Gaza
escreve um poema para as mulheres de Gaza
escreve um poema para os velhos de Gaza
escreve um poema para a tua história
e para os combatentes de Gaza.
Teus poemas vazarão o mundo
percorrerão países e continentes
penetrarão no coração dos homens e mulheres
e mudarão suas consciências.
Teus poemas interceptarão as balas dos poderosos,
pois correm mais rápido do que elas
e chegam antes a qualquer destino.
Teus poemas bloquearão no ar
os petardos assassinos
de teus infames algozes,
paralisarão seus tanques de guerra
desviarão seus aviões e drones
e explodirão seus foguetes e bases militares.
Acredita, palestiniano, no poder
de teus poemas! Eles tornarão teu povo
mais justo, mais puro e mais valente,
farão crescer flores nos campos minados,
e semearão os grãos da felicidade
que move os homens desde o seu nascimento
prenunciando o reino da justiça e da liberdade.
Se não tens uma arma para empunhar,
obriga-te a combater com o amor que te move!
Que assim seja: escreve versos ferozes
nos campos da resistência,
nos palcos da adversidade
nas planícies do respeito conquistado,
na seara da compaixão e da ternura humana.
Conclamo-te mais uma vez:
escreve um poema, palestiniano…
um para cada motivo de tua luta.
Teus poemas jamais serão vencidos
jamais serão esquecidos
sobreviverão ao tempo e às guerras
e nenhum inimigo será capaz de escapar
de suas sentenças de vida.
Um dia, quando o massacre se esgotar
quando o infortúnio acabar
quando o genocídio cessar
pela força de teu clamor,
compreenderás porque teus poemas
são armas invencíveis.
Temperados nos guizos de uma história gloriosa,
não haverá força humana que os impeça
de moverem as fronteiras da terra.
Largo do Intendente, Lisboa, 18/05/ 2024
Paulo Martins
Editor Cultural