Este foi edificado  pela primeira vez em 1940, de forma bem efémera e construído em materiais perecíveis, que possuía uma fragil  estrutura de ferro e cimento, sendo a composição escultórica moldada em estafe (mistura de espécies de gesso e estopa, consolidada por armação ou gradeamento de madeira ou ferro)… enfim, uma espécie de circo do Bufalo Bill não em banda desenhada, mas quase!

No ano 1960, nas comemorações dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique, o dito “Padrão” é reconstruído agora em betão e cantaria de pedra rosal de Leiria, e as esculturas em cantaria de calcário de Sintra.

De seguida, em  1985 é inaugurado como Centro Cultural das Descobertas. O arquitecto Fernando Ramalho remodelou o interior, dotando o Padrão de um miradouro, auditório e salas de exposições.

Vale a pena citar, para vermos a coboiada, diga-se.  que foi a sua criação

Excerto do artigo de Leitão de Barrosonde ele conta a história de como o monumento ganhou a forma que tem hoje em dia. O título do artigo é: “José Ângelo”; e está na revista Turismo. Revista de Hotéis, viagens e atualidades. 3ª série, ano XXIV, nº 7 – Julho Setembro 1960, pp. 55-58. BNP J.5210B.

(…)

O Padrão dos Descobrimentos foi concebido de um jacto. Está ali vivo o Leopoldo de Almeida – que foi logo grande nos bancos da Escola de Belas Artes e cujo estirador (ao pé do meu) fazia nascer cada dia numa folha de papel Ingres, uma maravilha de fidelidade na cópia das estátuas clássicas. Fóra da hora das aulas ia o Luciano Freire sòzinho, passear entre as pranchetas dos rapazes e longo tempo considerava as provas do Leopoldo. A história – já a contei – passou-se assim: Duarte Pacheco fora nessa noite à Rua Saraiva Carvalho, à casa-atelier do Telmo. E vira o plano geral da Exposição. Eu estava ali, como intruso, mas permanente espectador. O Sá e Melo, já Comissário-adjunto da Exposição de Belém, começava então em Lisboa a sua carreira, vindo de Aveiro onde dirigira as obras de estradas. Fiquei calado durante toda a visita. E vim acompanhar o Ministro até ao automóvel. Ao descer a escada, Pacheco disse-me: «Que lhe parece? O senhor que está tão calado… É mau sinal. Oh homem, desembuche!»

– Quer que lhe diga a minha opinião – ou que repita a de V. Exª… É a única maneira de se não zangar…

– Vai para casa? Se quer deixo-o lá. Entrei no carro.

– Sirva de Cardeal Diabo… continuou ele.

– Acho que é uma «Exposição dos Portugueses», que foram ao mundo inteiro – resmunguei eu. Tem muitos palácios, muitos pavilhões parados, muitas relíquias… Mas falta-lhe o sentido de PARTIDA! É estática, vertical, terrestre. Ao contrário, eu quereria alguma coisa que desse a sensação de deslocação, de movimento, de arranque para a Aventura. Mais Dom Henrique – e menos para o seu homónimo «Dom Duarte»…

– Literatura… balbuciou o ministro, de mau modo.

Houve um silêncio e chegamos a casa. Despedi-me. Quando já tinha posto o pé na rua, chamou-me:

– «Volte a casa do seu cunhado. Convença-o disso. Eu levo-o no carro. Mas vá antes que ele se deite».

Era uma e meia da manhã e eu entrava de novo na casa da Rua Saraiva de Carvalho. Essa noite foi uma tempestade. O Telmo começou aos berros: «literatices… palavras… sentido de partida… lérias…. Agora envenenaste-o, e eu que o ature!». Ecoaram palavrões no silêncio da rua, em frente aos austeros ciprestes do cemitério dos Ingleses, enquanto eu folheava ilustrações. Entretanto o Telmo num bocado de mataborrão e com fósforos ardidos, que faziam montes nos cinzeiros, começou a esboçar o perfil do Padrão dos Descobrimentos. Eu, de soslaio ia espiando. De repente levantei-me: Está aí o monumento! Então o Telmo protestou: Qual carapuça! Sabes o que me falta aqui? Umas mãos como as do Leopoldo para ver isto em volume. E era preciso uma escala grande. Senão dá-me «tinteiro para ourivesaria», do Porto…

– Mas queres que vá chamar o Leopoldo?

– A esta hora?

Então Leopoldo foi arrancado à cama. Passei pela olaria da Rua da Imprensa e o velho Sr. Duarte veio à janela. Obriguei-o a vir cá a baixo buscar duas pelas de barro. Meia hora depois, sobre um esboceto feito a cabeças de fósforo, regado a chávenas de café, trazidas a mêdo pela mãe, D. Cecília, enquanto o prédio dormia, nascia na Rua Saraiva de Carvalho o Padrão de Belém. Às 6 da manhã, excitados e exaustos, o arquitecto e o escultor tinham dado à nossa terra uma grande peça de pura inspiração!

Quando, na manhã seguinte, procurei o Ministro no Terreiro do Paço estava ele rodeado de comissões provincianas. Rasquei [sic] uma folha de bloco e pedi ao Nazaré de Oliveira que lha entregasse, pessoalmente e discretamente. Resava assim: «O Telmo e o Leopoldo trabalharam toda a noite. O Padrão está pronto. O Telmo está a dormir.»

Quando eu seguia, dez minutos depois, para o atelier na Rua Saraiva de Carvalho, o carro do Ministro ultrapassou-me em Santa Isabel. Subimos a escada ao mesmo tempo. A única saudação que o Ministro me fez foi esta: – O senhor é danado!

Foi assim que, em 8 meses, se ergueu o milagre de 1940, no Restelo.”

Alguns arquitetos e outros equivalentes dizem agora por aí em chalaça branqueadora que é um dos monumentos mais emblemáticos de Portugal .. !

Bem irá  encerrar para obras de reabilitação a partir da próxima segunda-feira, 16 de dezembro, por um período de três meses e so adorariamos uma reestruturação completa integrando as e os cidadaos reencontrados perdidos na Expansao Humana milenios fora. Esta obreta, terá um custo aproximado de 150 mil euros, é gerida pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) e manterá a coboiada ja por demais conhecida, o que enfim faz culturalmente mal mas nao tanto assim agora que os portugueses decidiram ser humildes e subservientes “europeus”!