De seguida, em 1985 é inaugurado como Centro Cultural das Descobertas. O arquitecto Fernando Ramalho remodelou o interior, dotando o Padrão de um miradouro, auditório e salas de exposições.
Vale a pena citar, para vermos a coboiada, diga-se. que foi a sua criação
“Excerto do artigo de Leitão de Barrosonde ele conta a história de como o monumento ganhou a forma que tem hoje em dia. O título do artigo é: “José Ângelo”; e está na revista Turismo. Revista de Hotéis, viagens e atualidades. 3ª série, ano XXIV, nº 7 – Julho Setembro 1960, pp. 55-58. BNP J.5210B.
(…)
O Padrão dos Descobrimentos foi concebido de um jacto. Está ali vivo o Leopoldo de Almeida – que foi logo grande nos bancos da Escola de Belas Artes e cujo estirador (ao pé do meu) fazia nascer cada dia numa folha de papel Ingres, uma maravilha de fidelidade na cópia das estátuas clássicas. Fóra da hora das aulas ia o Luciano Freire sòzinho, passear entre as pranchetas dos rapazes e longo tempo considerava as provas do Leopoldo. A história – já a contei – passou-se assim: Duarte Pacheco fora nessa noite à Rua Saraiva Carvalho, à casa-atelier do Telmo. E vira o plano geral da Exposição. Eu estava ali, como intruso, mas permanente espectador. O Sá e Melo, já Comissário-adjunto da Exposição de Belém, começava então em Lisboa a sua carreira, vindo de Aveiro onde dirigira as obras de estradas. Fiquei calado durante toda a visita. E vim acompanhar o Ministro até ao automóvel. Ao descer a escada, Pacheco disse-me: «Que lhe parece? O senhor que está tão calado… É mau sinal. Oh homem, desembuche!»
– Quer que lhe diga a minha opinião – ou que repita a de V. Exª… É a única maneira de se não zangar…
– Vai para casa? Se quer deixo-o lá. Entrei no carro.
– Sirva de Cardeal Diabo… continuou ele.
– Acho que é uma «Exposição dos Portugueses», que foram ao mundo inteiro – resmunguei eu. Tem muitos palácios, muitos pavilhões parados, muitas relíquias… Mas falta-lhe o sentido de PARTIDA! É estática, vertical, terrestre. Ao contrário, eu quereria alguma coisa que desse a sensação de deslocação, de movimento, de arranque para a Aventura. Mais Dom Henrique – e menos para o seu homónimo «Dom Duarte»…
– Literatura… balbuciou o ministro, de mau modo.
Houve um silêncio e chegamos a casa. Despedi-me. Quando já tinha posto o pé na rua, chamou-me:
– «Volte a casa do seu cunhado. Convença-o disso. Eu levo-o no carro. Mas vá antes que ele se deite».
Era uma e meia da manhã e eu entrava de novo na casa da Rua Saraiva de Carvalho. Essa noite foi uma tempestade. O Telmo começou aos berros: «literatices… palavras… sentido de partida… lérias…. Agora envenenaste-o, e eu que o ature!». Ecoaram palavrões no silêncio da rua, em frente aos austeros ciprestes do cemitério dos Ingleses, enquanto eu folheava ilustrações. Entretanto o Telmo num bocado de mataborrão e com fósforos ardidos, que faziam montes nos cinzeiros, começou a esboçar o perfil do Padrão dos Descobrimentos. Eu, de soslaio ia espiando. De repente levantei-me: Está aí o monumento! Então o Telmo protestou: Qual carapuça! Sabes o que me falta aqui? Umas mãos como as do Leopoldo para ver isto em volume. E era preciso uma escala grande. Senão dá-me «tinteiro para ourivesaria», do Porto…
– Mas queres que vá chamar o Leopoldo?
– A esta hora?
Então Leopoldo foi arrancado à cama. Passei pela olaria da Rua da Imprensa e o velho Sr. Duarte veio à janela. Obriguei-o a vir cá a baixo buscar duas pelas de barro. Meia hora depois, sobre um esboceto feito a cabeças de fósforo, regado a chávenas de café, trazidas a mêdo pela mãe, D. Cecília, enquanto o prédio dormia, nascia na Rua Saraiva de Carvalho o Padrão de Belém. Às 6 da manhã, excitados e exaustos, o arquitecto e o escultor tinham dado à nossa terra uma grande peça de pura inspiração!
Quando, na manhã seguinte, procurei o Ministro no Terreiro do Paço estava ele rodeado de comissões provincianas. Rasquei [sic] uma folha de bloco e pedi ao Nazaré de Oliveira que lha entregasse, pessoalmente e discretamente. Resava assim: «O Telmo e o Leopoldo trabalharam toda a noite. O Padrão está pronto. O Telmo está a dormir.»
Quando eu seguia, dez minutos depois, para o atelier na Rua Saraiva de Carvalho, o carro do Ministro ultrapassou-me em Santa Isabel. Subimos a escada ao mesmo tempo. A única saudação que o Ministro me fez foi esta: – O senhor é danado!
Foi assim que, em 8 meses, se ergueu o milagre de 1940, no Restelo.”
Alguns arquitetos e outros equivalentes dizem agora por aí em chalaça branqueadora que é um dos monumentos mais emblemáticos de Portugal .. !
Bem irá encerrar para obras de reabilitação a partir da próxima segunda-feira, 16 de dezembro, por um período de três meses e so adorariamos uma reestruturação completa integrando as e os cidadaos reencontrados perdidos na Expansao Humana milenios fora. Esta obreta, terá um custo aproximado de 150 mil euros, é gerida pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) e manterá a coboiada ja por demais conhecida, o que enfim faz culturalmente mal mas nao tanto assim agora que os portugueses decidiram ser humildes e subservientes “europeus”!