As três associações ambientalistas pretendem  travar o empreendimento, dadas as irregularidades procedimentais no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), e consideram que, se o novo Porto de Recreio for para a frente no local previsto (em frente ao atual porto, tendo a linha férrea no meio), haverá perdas irreparáveis e será “uma hecatombe” no ecossistema da Ria Formosa.

Os ambientalistas escrevem em comunicado que “o Estudo de Impacto Ambiental, realizado há 20 anos, é omisso na avaliação de impactos ambientais relevantes na Ria Formosa, nomeadamente sobre os serviços que os ecossistemas de Carbono Azul prestam ao homem (em particular as pradarias de ervas marinhas), conceito desconhecido à data, a par de muito conhecimento científico apenas desvendado nas últimas duas décadas.”

Cláudia Sil, da Blue ZC, adianta que, “como essas informações eram desconhecidas, também não se tomaram medidas para minimizar o impacto deste tipo de obra”.

O novo porto de recreio de Faro irá fazer a dragagem em sete hectares da Ria Formosa e os ambientalistas consideram que além de pôr em causa a existência de muita fauna, com a destruição das pradarias marinhas, irá colocar-se em causa um berçário de muitas espécies.

Argumentam que irá assistir-se à libertação de “centenas de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera, equivalentes a 200 ha de floresta ardida”, bem como à “perda da capacidade de sequestro de 37 toneladas de dióxido de carbono por ano”.

Os ambientalistas recordam que há muito tempo que chamam a atenção para estas questões, nomeadamente quando um conjunto alargado de associações de proteção ambiental lançaram a petição “pela defesa das pradarias marinhas da Ria Formosa”, sem que tenham sido ouvidos pelas autoridades.

Consideram também que não se compreende o afastamento do local que chegou a ser sugerido para a colocação do porto de recreio, e onde se situa o porto comercial de Faro, que se encontra praticamente desativado.

Contactada pela TSF a CCDR do Algarve garante que não foi notificada da existência da providência cautelar pelo tribunal e que, quando o fôr analisará os argumentos dos ambientalistas.

A Câmara Municipal de Faro também alega desconhecer a iniciativa, mas afirma-se ”tranquila” perante a situação.

O presidente da câmara municipal afirma que tem trabalhado com a CCDR e com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e assegura estar a “fazer tudo para garantir que não haja efeitos no ecossistema”.

Para Rogério Bacalhau para minimizar os impactos, vão transferir pradarias marinhas, tal como fizeram com a ponte da Praia de Faro que está ainda a ser construida.

Rogério Bacalhau lembra que naquela zona onde será construído o Porto, nesta altura os barcos e motas de água atracam na Ria Formosa completamente desordenados.

”O que estamos a fazer é essa reorganização e a preservação da Ria Formosa”, conclui.