Nós, pelo contrário, recusamos esse anestésico mediático. Preferimos confrontar os leitores com a realidade crua, aquela que insiste em ser ignorada. Por isso, reproduzimos aqui a mensagem de Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para os Refugiados — uma mensagem que deve ser lida com atenção e consciência:
“As atrocidades perpetradas em Gaza e na Cisjordânia, na Ucrânia, no Sudão ou em Mianmar são a prova do abandono deliberado das normas em nome do poder violento.
Pessoas assassinadas enquanto esperavam na fila para receber alimentos. Civis massacrados em acampamentos onde procuravam refúgio. Hospitais e escolas destruídos. Um número recorde de trabalhadores humanitários assassinados.
A repetição diária de atrocidades tem por objetivo adormecer a nossa consciência, fazer-nos sentir impotentes. Mas não somos.
O nosso poder está em manter a clareza moral e reafirmar os valores humanitários fundamentais: proteger civis e infraestruturas civis, garantir o acesso às populações afetadas e assegurar a prestação desimpedida da ajuda humanitária.
Também temos o dever de enfrentar as consequências desta violência — o deslocamento forçado é uma delas.
É por isso que o ACNUR existe: para proteger refugiados e encontrar soluções para a sua difícil situação. Essa é a nossa missão. O mandato que nos foi dado há 75 anos continua mais relevante do que nunca.”
No ESTRATEGIZANDO, partilhamos essa visão.
Por isso, lutamos contra as guerras, contra as ditaduras e contra a brutalidade dos Estados, certos de que neste planeta somos um só povo, uma só nação, feita da diversidade que nos enriquece enquanto seres humanos.
Acreditamos que o futuro exige uma Democracia Global, em que a Assembleia Geral das Nações Unidas seja composta por representantes eleitos diretamente pelas cidadanias das suas comunidades, e dela surja um Governo Único Planetário que represente verdadeiramente o interesse comum da humanidade.
No século XXI — depois de tudo o que a História nos ensinou — esta é a única solução coerente com a nossa evolução coletiva.
Mas é também por isso que a ONU sabe a pouco. Porque falhou em se democratizar, porque permanece refém das potências que a fundaram, e porque quase não houve protestos quando Trump bloqueou ou tentou impedir a participação de palestinianos e brasileiros na sua Assembleia Geral.
E, mais grave ainda, tudo isto aconteceu sob o nosso quase total silêncio.
💭 No ESTRATEGIZANDO, escolhemos não ficar calados. Continuaremos a denunciar a indiferença, a desumanização e a manipulação mediática que alimentam a barbárie — porque a consciência humana é o último território que ainda pode ser salvo.