"Depois do simpósio de setembro, muitas perceções vão mudar. Acho que muita gente vai ficar surpreendida com essa organização conjunta", referiu Pedro Pires, antigo comandante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na guerra colonial e ex-Presidente cabo-verdiano.
Esta ponte entre os dois países "é das coisas mais interessante que conseguimos", disse Pedro Pires, ao descrever o trabalho da Fundação Amílcar Cabral, ao congregar diferentes vontades no ano do centenário.
"Quando se pensava que a Guiné-Bissau não se interessaria ou que estava em situação difícil de participar nessas celebrações, temos hoje organizações guineenses que participam", acrescentou.
O simpósio de setembro pretende "contextualizar a vida de Amílcar Cabral e as suas realizações dentro do panorama mais amplo da história africana e mundial", explicou a Uni-CV na abertura de inscrições para apresentações.
As comunicações estarão alinhadas com 13 eixos temáticos, que incluem o desenvolvimento socioeconómico de África, as questões agrárias ou as pontes para o novo diálogo Norte-Sul e Sul-Sul.
Amílcar Cabral nasceu a 12 de setembro de 1924, em Bafatá, na então Guiné Portuguesa (hoje Guiné-Bissau), e foi dramaticamente assassinado a 20 de janeiro de 1973, em Conacri, Guiné.
As comemorações do centenário do nascimento têm sido marcadas por diversos eventos académicos, culturais e políticos em várias partes do mundo.
Desenvolvidas desde 2022, as iniciativas aceleraram em janeiro, com a estreia, em Cabo Verde, de uma peça de teatro - "A Última Lua do Homem Grande", pelas companhias Sikinada Cabo Verde e Art'imagem de Portugal -, e já incluíram também música, marchas e debates.
Os debates têm tratado temas da política à agronomia, passando pelo desporto, mostrando a multidisciplinaridade de Cabral.