Uma das pessoas mais obscenamente ricas do planeta, com fortuna avaliada em 200 biliões de dólares, Musk deve ter considerado que o dinheiro tudo pode.

Nos seus arroubos de omnipotência, o bilionário, apoiante de Donald Trump nos EUA e de Jair Bolsonaro no Brasil,  protagonizou nos últimos tempos iniciativas para anular as leis e os Poderes brasileiros.

Essa verdadeira razia à tio patinhas representou um teste à própria vigência da soberania nacional.

O embate foi tão mais significativo por ter partido do boss de uma das redes sociais planetárias.

De facto, os czares da tecnologia acham-se detentores de um status sagrado, de licença ilimitada para refazer a comunicação (às vezes para melhor), alterar todas as esferas,  redesenhar os laços sociais e arrasar o velho mundo.

A ofensiva de Musk começou como uma ofensiva libertária e desprendida em favor do direito ilimitado de expressão (mesmo para o cometimento de crimes tipificados, às vezes violentos) e terminou na forma de um drible pífio, uma pixotada, uma trampa digna de marginais.

Para voltar ao ar ilegalmente, o X valeu-se de uma ferramenta denominada CDN (rede de entrega de conteúdo), que oculta a identidade digital dos que se valem dela.

Foi um expediente para contornar a proibição do ministro Alexandre de Moraes,  do Supremo Tribunal Federal. Por causa dele, o X recorreu a uma ferramenta usada por TVs piratas. 

Ato contínuo, Elon Musk foi para o X vangloriar-se que tinha conseguido furar o bloqueio do STF e ao mesmo tempo, o X mudou uma série de identificadores de sites e provedores bloqueados pela Justiça.

A manobra foi logo neutralizada pela Anatel que notificou do bloqueio ao X os 20 mil provedores de banda larga, por onde a maracutaia era feita.

A manobra de Musk fica mais tosca se se leva em conta que ao mesmo tempo o X, proibido por se recusar a obedecer ordem judicial de retirar conteúdos criminosos da extrema-direita bolsonarista, recuava em toda a arrogância inicial.

Havia que pagar multas milionárias impostas por Moraes pela insistência em deixar no ar perfis criminosos como os dos bolsonaristas Allan dos Santos,  Marcos do Val e Paulo Figueiredo.

O X pagou e retirou os perfis e lá se foram os amigos dos cheganos e IL’s à vidinha!

Havia ainda que nomear representante legal do X no Brasil, sob pena de a rede não poder funcionar.

O X nomeou, depois retirou o nome indicado e, afinal, voltou a nomear e nesse vai vem de tempo em que está fora do ar, o X e Musk perderam membros e faturação num dos maiores mercados.

Agora, o recuo desordenado visa também a libertação das contas bloqueadas de uma outra empresa de Musk, a Starlink, considerada empresa coligada de facto à X.

A soberania nacional não se dobrou às ameaças deste plutocrata e que o exemplo do episódio sirva de modelo para a afirmação do Brasil!

E de aprendizagem planeta fora!

Joffre Justino

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