Estes números confirmam a estimativa rápida divulgada em 31 de outubro pelo INE, anunciando uma desaceleração do crescimento homólogo do PIB para 1,9% entre julho e setembro, depois de um aumento de 2,6% no trimestre anterior, e uma contração de 0,2% face ao segundo trimestre, após um crescimento em cadeia de 0,1% no trimestre anterior.

"…o contributo positivo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB diminuiu significativamente no terceiro trimestre, passando de 1,7 pontos percentuais no trimestre anterior para 0,2 pontos percentuais, observando-se uma acentuada desaceleração das exportações de bens e serviços em volume, com a componente de bens a registar um decréscimo".

As importações de bens e serviços registaram "uma ligeira diminuição em termos homólogos, verificando-se também um decréscimo na componente de bens".

No terceiro trimestre, registou-se no deflator das exportações uma taxa de variação homóloga negativa (-2,9%), após crescimentos desde o primeiro trimestre de 2021, e o deflator das importações "diminuiu de forma mais intensa que o verificado no segundo trimestre", passando de -5,2% para uma taxa de -8,1%, "determinando um ganho dos termos de troca próximo do observado no trimestre anterior".

Ja o contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou, passando de 0,9 pontos percentuais no segundo trimestre de 2023, para 1,7 pontos percentuais, com um crescimento do investimento, após a diminuição homóloga do trimestre anterior, e um abrandamento do consumo privado.

Comparando com o segundo trimestre de 2023, o PIB registou uma contração de 0,2%, após um crescimento em cadeia de 0,1% no trimestre anterior, com o contributo da procura externa líquida a passar a negativo (-1,3 pontos percentuais), após ter sido positivo no segundo trimestre (0,5 pontos percentuais), refletindo a redução das exportações tanto de bens como de serviços, incluindo o turismo.

Quanto ao contributo da procura interna passou de negativo a positivo no terceiro trimestre (de -0,4 para +1,0 pontos percentuais), observando-se crescimentos do consumo privado e do investimento, após as variações em cadeia negativas registadas no trimestre anterior.

Em termos nominais, o PIB registou um crescimento homólogo de 9,5% no terceiro trimestre (10,6% no trimestre precedente), com o deflator implícito do PIB a manter uma taxa de variação homóloga elevada (7,5%), mas inferior à registada no segundo trimestre de 2023 (7,7%).

Por componentes da procura interna, em volume, verificou-se uma desaceleração do consumo privado (inclui as Instituições Sem Fim Lucrativo ao Serviço das Famílias), para uma variação homóloga de 0,9% no terceiro trimestre (1,3% no trimestre anterior)

Já o consumo público (Despesas de Consumo Final das Administrações Públicas) acelerou para uma variação de 1,8% (1,0% no trimestre precedente) e o investimento aumentou 4,5% (taxa de variação de -0,6% no segundo trimestre).

De julho a setembro, as exportações de bens e serviços desaceleraram para uma variação homóloga de 0,1% (4,9% no segundo trimestre) e as importações registaram uma "ligeira diminuição" de 0,2%, que compara com um crescimento de 1,0% no trimestre anterior.

Comparativamente com o trimestre anterior, as exportações totais, em volume, registaram uma diminuição mais intensa que a do trimestre anterior (passando de -1,2% para -2,3%), tendo a componente de bens registado uma variação de -1,4% e a de serviços, de -3,9% (-1,8% e +0,1% no segundo trimestre, respetivamente).

As importações totais registaram uma variação em cadeia de 0,5% no terceiro trimestre (-2,3% no segundo trimestre), verificando-se uma variação nula da componente de bens e um crescimento de 3,1% na componente de serviços (-3,0% e +1,5% no 2.º trimestre, respetivamente).

Em termos nominais, o saldo externo de bens e serviços manteve-se positivo no terceiro trimestre (0,4% do PIB), mas inferior aos saldos observados nos dois primeiros trimestres do ano (1,2% do PIB no primeiro trimestre e 2,5% no segundo trimestre).

No terceiro trimestre, o investimento em volume aumentou 4,5% em termos homólogos, após uma diminuição de 0,6% no trimestre anterior.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) acelerou para uma taxa de crescimento de 3,6% (2,8% no segundo trimestre), enquanto o contributo da variação de existências para a variação homóloga do PIB passou de -0,6 pontos percentuais para +0,2 pontos percentuais no terceiro trimestre.

A FBCP em equipamento de transporte acelerou de 10,6% no segundo trimestre para uma variação homóloga de 26,0%, enquanto a FBCF em construção cresceu 3,0% no terceiro trimestre face ao período homólogo (1,5% no trimestre anterior).

Já a FBCF em produtos de propriedade intelectual acelerou e a FBCP em outras máquinas e equipamentos diminuiu.

Os dados do INE apontam ainda que, no trimestre em análise, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços base registou um crescimento homólogo de 1,9% (2,7% no trimestre anterior).

De julho a setembro, o emprego total (medido em número de indivíduos e ajustado de sazonalidade) aumentou 1,0% em termos homólogos, após uma variação de 1,2% no trimestre anterior, tendo a produtividade (rácio entre o PIB em volume e número de pessoas empregadas) subido 0,9%, menos 0,5 pontos percentuais que no trimestre anterior.

Por sua vez, a produtividade medida com base no número de horas trabalhadas registou uma variação homóloga de 0,4%, após um decréscimo de 0,1% no segundo trimestre.

In Lusa

 

Versão KISS (Keep It Simple and Stupid) do artigo: simplificar para  o tornar acessível a todos:

Imagine que a economia de Portugal é como um carro. Nos últimos meses, esse carro estava a andar mais devagar do que antes. O "velocímetro" que mede isso chama-se Produto Interno Bruto (PIB), e mostra que entre julho e setembro, o carro andou a 1.9% do seu potencial, mais lento do que nos três meses anteriores, quando andava a 2.6%.

Há várias razões para este abrandamento. Uma delas é que Portugal estava a vender menos coisas para outros países (como o vinho ou o calçado) e também a comprar menos de fora. Isto é importante porque quando um país vende mais do que compra, é bom para a economia.

Mas nem tudo é má notícia. Dentro do próprio país, as pessoas e as empresas estavam a gastar mais dinheiro em coisas como construções e transportes. Isto ajudou a economia de alguma forma.

Outro ponto é sobre o emprego: mais pessoas estavam a trabalhar comparado com o ano passado, o que é positivo. Mas a produtividade, que é como medimos o quanto cada pessoa consegue fazer no seu trabalho, não cresceu muito.

Resumindo, a economia de Portugal está a crescer, mas mais lentamente do que antes. É como um carro que ainda anda, mas não tão rápido quanto poderia.


Joffre Justino