Nao os cito simplesmente para os proteger mas mereciam citação militante diga-se! Comecemos entao!

Em 1972 nasce o Guerra Popular um jornal anti colonial onde militei com orgulho, angolano que era. Era o Fascismo e havia a guerra colonial há já 11 anos e nós acreditávamos como maoistas que a guerra contra esses dois males ia ser prolongada como acreditavamos que o fascismo cairia por derrota na guerra colonial!

 

 

Éramos, maioritariamente, estudantes de Economia no ISCEF, alinhados com a tendência do Ensino Popular, seguindo a via histórica do CMLP, mas acreditávamos que seríamos mais eficazes no combate. No jornal Guerra Popular,  nunca escrevi — essa era a tarefa dos líderes, como Júlio Dias, ou dos mais responsáveis, como António Peres ou João Duarte Carvalho. O meu papel era organizar pequenos comités, quatro ou cinco, para debater e distribuir o jornal. Este surgia em diversos cursos: Economia, Técnico, Agronomia, Medicina, entre outros.

Alguns de nós foram presos pela PIDE, outros exilaram-se. No pós-25 de Abril, mais uma vez não escrevi, mas militava ativamente nas ruas, vendendo o jornal A Voz do Trabalhador e o Unidade Popular, sempre de forma voluntária.

Depois chegou a fase da escrita. Passei pelo Jornal de Setúbal, pela Voz do Povo — na fase independente da UDP —, e ainda pelo Diário de Notícias,  Diário Popular, Expresso, O Jornal, Portugal Hoje,  e o Terra Angolana. Em 1992, dediquei-me a 100% ao jornalismo, até ser atingido pelo golpe social-fascista de José Eduardo dos Santos, no pós-eleições em Angola.

A escrita continuou, mas as portas fecharam-se. Por defender a Democracia e a oposição ao MPLA, acabei por militar na UNITA. Tanto à direita como à esquerda, beneficiários do sistema MPLA, bloquearam sempre que podiam qualquer espaço de livre informação sobre Angola. Contudo, as redes sociais emergiam — mesmo que timidamente — e, através delas, consegui espalhar a escrita pelo mundo.

O resultado? Fui proibido de trabalhar, de ser remunerado, de ser sócio das organizações que ajudei a criar, de ter contas bancárias, ou de receber apoios de amigos. As sanções impostas pela ONU, pela UE e pelo Estado português tinham um propósito claro: uma morte lenta e humilhante.

Nesse período, mantive clandestinamente a UPA (União e Paz para Angola) ou algo equivalente, lutando contra as sanções e o cerco à UNITA. Operava saltando de cibercafé em cibercafé em Lisboa, regressando ao tempo do velho Guerra Popular, numa ação clandestina.

Depois surgiu o Estrategizando, passando por vários modelos até ao formato atual. Sempre apoiado por alguns, incentivado por poucos e vilipendiado por muitos.

Deixo-vos aqui uma breve história de uma pequena, mas saborosa vitória: antes do 25 de Abril, o PCP via-nos como radicais pequeno-burgueses de fachada socialista. Após o 25 de Abril, em 1975, dois partidos dessa linha — o PCP(ML) e o MRPP — foram proibidos de concorrer, enfraquecidos pela sua radicalidade e alinhamento pró-chinês. Hoje, ao visitar anualmente a Festa do Avante, que considero a melhor festa do país, faço questão de passar no pavilhão do Partido Comunista da China. É o meu tributo como ex-maoísta e o gosto doce de ver o PCP reconhecer, finalmente, a razão dos maoístas desde 1964.

É com este espírito de unidade-crítica-unidade e de Livre e Progressista Informação que o Estrategizando se posiciona.
Subscreva, divulgue, escreva e debata connosco. Aqui, a sua voz tem espaço!