A política protecionista de Donald Trump gerou incertezas significativas nos mercados, levando a quedas expressivas em bolsas de valores pelo mundo. Empresas ligadas à tecnologia e indústrias de exportação são algumas das mais afetadas. O magnata da Tesla, Elon Musk, viu a sua empresa perder 14% em valor de mercado, acumulando perdas superiores a 140 mil milhões de dólares desde o retorno de Trump à Casa Branca.
O cenário de instabilidade também se reflete nas relações diplomáticas com os parceiros comerciais da América Latina. No Brasil, as sanções impostas pelos EUA motivaram uma reação legislativa, permitindo retaliações imediatas sem a necessidade de aval da Organização Mundial do Comércio (OMC). O projeto de lei, liderado por parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT), visa dar maior autonomia ao país diante das medidas unilaterais de Washington.
Durante um discurso na inauguração de um centro automobilístico em Minas Gerais, o presidente Lula foi enfático ao criticar a postura agressiva de Trump, afirmando que o Brasil não aceitará passivamente as medidas protecionistas dos Estados Unidos. O líder brasileiro reforçou a necessidade de defender os interesses nacionais e promover o crescimento económico com autonomia.
"Não adianta Trump ficar a gritar de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado", declarou Lula, destacando o compromisso do seu governo com a criação de empregos e o controlo da inflação.
As consequências da política económica de Trump já se refletem diretamente na sua popularidade. Segundo um levantamento que analisa mais de 200 pesquisas de opinião, a desaprovação do presidente americano atingiu 48,1%, superando pela primeira vez o seu índice de aprovação, que ficou em 47,9%.
A queda na confiança dos eleitores ocorre em meio ao temor de uma recessão nos Estados Unidos. Numa entrevista à rede Fox News, Trump admitiu que não descarta a possibilidade de um declínio económico, algo que tem assustado investidores e afetado a estabilidade dos mercados financeiros globais.
A postura agressiva de Trump também encontrou resistência no México e no Canadá. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, celebrou a decisão dos EUA de suspender tarifas de 25% sobre produtos mexicanos após uma intensa pressão diplomática. Num discurso para mais de 300 mil pessoas na Cidade do México, Sheinbaum reforçou que o país não aceitará imposições unilaterais de Washington.
O desgaste da política comercial de Trump e a sua queda de popularidade indicam uma mudança no equilíbrio de poder global. O Brasil, sob a liderança de Lula, busca um posicionamento mais assertivo e independente, enquanto países como México e Canadá resistem às pressões da Casa Branca.
Diante deste cenário, a pergunta que fica é: estarão os Estados Unidos preparados para enfrentar uma recessão e lidar com um mundo cada vez menos disposto a aceitar as suas imposições unilaterais? O tempo dirá, mas uma coisa é certa: a dinâmica das relações internacionais está em plena transformação.
Nota do editor
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