Num cenário que mais parece retirado de uma narrativa distópica, Donald Trump, já no início do seu segundo mandato presidencial, voltou a abalar os alicerces da economia mundial.

Desta vez, com o chamado “tarifaço”, o ex-presidente norte-americano ameaça instaurar o caos, não como um erro de cálculo, mas como parte de uma estratégia profundamente arquitetada: destruir a ordem vigente para refundar a hegemonia dos Estados Unidos.

Como compreender esta manobra que, à primeira vista, parece irracional?

O caos como estratégia

Segundo a análise apresentada no vídeo “O que está por trás dos planos de Trump? A Estratégia do CAOS”. Trump segue um raciocínio que muitos consideram perigoso, mas estrategicamente coerente. O seu objetivo não seria apenas proteger a economia americana com tarifas protecionistas — trata-se de algo muito maior: desconstruir a atual ordem económica neoliberal global para erguer uma nova estrutura mais favorável ao domínio norte-americano.

A lógica, embora controversa, tem precedentes históricos. Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA impuseram a reconstrução económica do Ocidente sob o Acordo de Bretton Woods (1944), que consolidou o dólar como moeda de referência mundial. Anos depois, em 1985, o Acordo de Plaza permitiu aos EUA depreciar o dólar para reverter a ascensão industrial de potências como Japão e Alemanha. Em ambos os casos, o caos precedeu a reorganização da ordem mundial — com os Estados Unidos sempre a emergirem mais fortes.

A rebelião contra o neoliberalismo

O neoliberalismo — iniciado sob as políticas de Reagan e Thatcher nos anos 1980 — fomentou o livre comércio, a desregulação e o câmbio flutuante. Esta ordem global permitiu a industrialização de vários países asiáticos, como a China e a Coreia do Sul, mas teve como contrapartida a desindustrialização dos próprios EUA. O poder financeiro cresceu, mas à custa de uma classe média americana cada vez mais fragilizada e de desigualdades sociais profundas.

Trump pretende romper com este modelo, que ele vê como o catalisador do declínio da indústria americana. O seu plano, conhecido nos bastidores como o "Acordo de Mar-a-Lago", seria uma tentativa de recriar uma nova versão de Bretton Woods, baseada na desvalorização do dólar e no retorno da produção para território americano.

Multilateralismo sob ataque

Num mundo onde as cadeias de valor estão fortemente interligadas e a confiança entre aliados é essencial, a aposta de Trump em destruir o multilateralismo parece insustentável. A sua intenção de negociar acordos bilaterais com cada país, sob a ameaça do colapso económico, baseia-se numa visão mercantilista ultrapassada. "Acordos pressupõem confiança, e ninguém confiará em alguém que trai os seus aliados mais próximos", destaca o autor do vídeo.

As suas ações são vistas como uma tentativa desesperada de travar a perda de influência dos EUA face à China e a outras potências emergentes. Mas, como salienta o vídeo, esta não é a década de 1950 — o mundo está mais complexo, mais interdependente, e menos tolerante a imposições unilaterais.

O que está em jogo?

O risco de uma guerra comercial generalizada, a instabilidade dos mercados, o aumento das tensões geopolíticas e a retração dos investimentos internacionais são apenas algumas das consequências possíveis desta estratégia do caos. "Trump é um destruidor da evolução, um reacionário tosco", afirma o vídeo. E mesmo que os EUA consigam recuperar parte da sua força industrial, o custo humano, social e ambiental pode ser devastador.

Como disse certa vez Albert Einstein, "não podemos resolver os nossos problemas com o mesmo tipo de pensamento que usamos quando os criámos." Se Trump quer transformar o mundo pela força do caos, talvez esteja a usar o pensamento errado no momento mais delicado da nossa história global recente.

 

Conclusão:

O mundo assiste, perplexo, a esta nova escalada de tensão global. Donald Trump parece determinado a reescrever as regras do jogo, mesmo que para isso precise de virar o tabuleiro ao contrário.

A dúvida que permanece é: o mundo aceitará jogar esse jogo.