A União Europeia aprovou esta quarta-feira um pacote de tarifas retaliatórias de 25% sobre uma ampla gama de produtos norte-americanos, incluindo amêndoas, sumo de laranja, carne de aves, soja, aço, alumínio, tabaco e iates.

Estas medidas representam cerca de 22 mil milhões de euros em exportações visadas — um valor consideravelmente inferior aos 380 mil milhões de euros afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Apesar da decisão, a resposta europeia continua envolta em incertezas. As tarifas podem ser suspensas a qualquer momento, um detalhe que enfraquece a posição de Bruxelas e alimenta o ceticismo quanto à real disposição da União em enfrentar as práticas protecionistas de Washington com firmeza.

A Comissão Europeia — o braço executivo do bloco — anunciou que as novas tarifas começarão a ser aplicadas a partir de 15 de abril. O pacote de resposta já havia sido divulgado no mês passado, identificando setores estratégicos para pressionar politicamente os EUA, mas sem comprometer demasiado os interesses internos de cada Estado-membro.

Em comunicado, a Comissão sublinhou que "a UE considera as tarifas estadunidenses injustificadas e prejudiciais, causando prejuízos económicos a ambas as partes, bem como à economia global". Ao mesmo tempo, reafirma a sua "preferência por soluções negociadas com os EUA, que sejam equilibradas e mutuamente benéficas".

Nos bastidores, a elaboração da lista de produtos foi marcada por intensas negociações internas. Vários países manifestaram reservas quanto ao potencial impacto de eventuais contramedidas americanas sobre os seus setores produtivos, revelando as divisões internas que continuam a limitar a capacidade da UE de falar a uma só voz em matéria de política comercial.

A retaliação agora aprovada pode representar um gesto simbólico de unidade europeia, mas o tom cauteloso, a margem para recuos e o alcance limitado das medidas lançam dúvidas sobre a sua real eficácia. Num cenário global cada vez mais marcado pelo retorno do protecionismo, a União Europeia continua a navegar entre a defesa dos seus interesses económicos e a tentativa de preservar o diálogo transatlântico.