Num episódio que está a gerar indignação internacional, a companhia aérea portuguesa TAP voltou a recusar o transporte de um cão de assistência destinado a acompanhar uma criança autista não verbal em Portugal, mesmo após uma ordem judicial brasileira obrigar a empresa a permitir o embarque do animal na cabine.

O voo deste sábado, entre o Rio de Janeiro e Lisboa, foi cancelado, deixando todos os passageiros em terra, como resultado direto da decisão unilateral da transportadora.O cão, chamado Teddy, é um labrador treinado para detetar e intervir em situações de crise emocional vividas pela menina de 12 anos, contribuindo significativamente para a sua estabilidade mental e redução de medicação.

A família, que se mudou para Portugal devido a uma proposta de trabalho do pai, médico de profissão, viu pela segunda vez a TAP negar o embarque do animal — já no passado dia 8 de abril, uma situação semelhante impediu a viagem.

Apesar de a justiça brasileira ter emitido uma autorização urgente reconhecendo a necessidade do cão de assistência e ordenando o seu transporte na cabine, a TAP alegou que a presença de Teddy “violaria o seu Manual de Operações” e colocaria “em risco a segurança dos passageiros”.

Contudo, o mesmo cão já viajou para os Estados Unidos em voos comerciais sem qualquer incidente.“Não foi o nosso desejo cancelar o voo.

Foi uma decisão exclusivamente da TAP”, declarou a irmã da criança, que tentava viajar com o animal. A família afirma que a companhia aérea apresentou como alternativa o transporte no porão de bagagem — uma prática amplamente criticada no Brasil, onde vários cães têm sido perdidos ou encontrados mortos após viagens nessas condições.

A atitude da TAP, considerada por muitos como um reflexo da sua cultura interna conservadora e desatualizada, levanta sérias questões sobre a forma como a companhia encara os direitos das pessoas com deficiência e o cumprimento de decisões judiciais internacionais.

Especialistas e defensores dos direitos humanos alertam que este caso não é apenas uma questão de logística, mas de dignidade e inclusão. “Trata-se de garantir o direito básico de uma criança a viver com estabilidade emocional”, referem, sublinhando que o comportamento da TAP representa um retrocesso face aos avanços conquistados nas últimas décadas em matéria de acessibilidade e inclusão.

A polémica já chegou às redes sociais e deverá ser objeto de debate político e diplomático, num momento em que Portugal tenta afirmar-se como um país moderno e acolhedor.

A TAP, por sua vez, mantém-se firme na sua decisão e continua a ignorar o impacto emocional, legal e ético que esta recusa representa.

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