Face a esta realidade, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) reafirma o seu compromisso com a segurança rodoviária, promovendo, hoje às 12:30, dia 23 de dezembro, uma conferência de imprensa na Cordoaria Nacional, em Lisboa, para apresentar propostas concretas e exequíveis.
"A sociedade civil não aceita prosseguir de lamento em lamento", sublinha a FPCUB, reforçando que a sinistralidade rodoviária, em especial dentro das localidades, resulta de fatores como o excesso de velocidade e a insuficiência de medidas de proteção para peões e ciclistas. Segundo José Manuel Caetano, presidente da FPCUB, "lamentar não resolve o problema", sendo urgente uma atuação concertada entre as entidades competentes, as autarquias e a comunidade.
Entre as medidas propostas, destacam-se:
- Investimento em redes cicláveis e na requalificação urbana do espaço público: Melhorar infraestruturas para garantir a segurança de ciclistas e peões.
- Revisão do Código da Estrada e reforço da fiscalização: Tornar as leis mais adequadas às necessidades atuais e assegurar o seu cumprimento efetivo.
- Criação de um Fundo Intermunicipal para a Segurança Rodoviária: Apoiar medidas locais e criar condições de proximidade para proteção dos utilizadores mais vulneráveis.
- Redesenho de zonas de sinistro: Identificar locais críticos e implementar estratégias de "Visão Zero", com o objetivo de eliminar fatalidades.
O relatório da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária aponta ainda para mais de 545.000 infrações por excesso de velocidade registadas em 2024, evidenciando a dimensão do problema. Para a FPCUB, a segurança rodoviária deve ser encarada como uma prioridade nacional, exigindo um "sobressalto cívico" e uma "consciência coletiva de que não é possível conviver com esta insegurança".
A proposta da Federação vai além da prevenção e do reforço legislativo. Pretende mobilizar todos os agentes envolvidos – do Governo às autarquias, passando por organizações da sociedade civil – para que se promova uma mudança estrutural, assente em ações práticas e numa visão de longo prazo.
O evento de dia 23 será uma oportunidade crucial para discutir estas propostas e reforçar a necessidade de um compromisso conjunto. Filipe Beja, co-presidente da FPCUB, conclui que “atingir a Visão Zero, onde nenhuma vida é perdida nas estradas, é uma ambição possível, mas exige investimento, coragem política e envolvimento de todos.”
Num país onde o trânsito já não é apenas um meio de deslocação, mas um espaço de conflito e risco, este apelo à segurança rodoviária destaca-se como um marco de responsabilidade e humanismo. A mudança começa agora, e a FPCUB convida todos a fazerem parte dela.