O presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, aprovou um apoio de quase 150 mil euros para a Hillsong Portugal, antiga Centro Cristão da Cidade sediada no Prior Velho, concelho de Loures

O financiamento será equivalente a 20% do investimento total nas obras da nova sede, configurando-se como uma aposta estratégica da autarquia numa “parceria com organizações da sociedade civil” que valorizem o papel social e cultural na região.

O apoio surge alinhado com o que Ricardo Leão considera uma forma de atrair “eventos de grande porte” e reforçar a imagem de Loures como território inclusivo e religiosamente diverso. Contudo, a decisão tem sido alvo de críticas, com partidos da oposição (como CDU e Chega) a classificarem-na como uma estratégia de populismo eleitoral.

Hillsong International — e por extensão Hillsong Portugal — tem estado envolta numa série de controvérsias globais: denúncias de manipulação de voluntários, escândalos pessoais envolvendo líderes religiosos, acusações de homofobia e controle severo sobre a sexualidade das mulheres e revelações sobre o seu império financeiro, conforme documentado em reportagens e documentários como os exibidos na Discovery Plus.

Em Portugal, a comunidade da Hillsong manteve um papel visível nas redes sociais, com seguidores expressivos no Instagram (quase 40 mil), Facebook (acima de 14 mil) e YouTube, e realiza eventos como a conferência “Casa Aberta”, marcada para outubro no novo edifício em Prior Velho  . As entradas variam entre 9,50€ (crianças) e 32€ (inscrição individual)

A Hillsong Portugal foi originalmente o Centro Cristão da Cidade, fundado em 2002 e integrado na rede Hillsong em fevereiro de 2017. Desde então, tem mantido atividades em várias cidades portuguesas 

A decisão de apoiar, com fundos públicos, uma organização religiosa globalmente controversa — amplamente mediática pelos seus escândalos éticos e institucionais — reacende o debate sobre os limites entre o financiamento cultural, social e religioso. A autarquia justifica o apoio pela dimensão social e cultural da atividade da igreja local, enquanto a oposição denuncia uma possível instrumentalização política.