O presidente estadunidense, Trump, afirmou anteriormente que o secretário de Estado Marco Rubio e outras autoridades viajariam à Turquia para as negociações sobre a Ucrânia e um porta-voz da Casa Branca informou a repórteres que o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e o enviado especial para a Ucrânia, Keith Kellogg, iriam a Istambul sabendo-se que Trump nem sequer descartou a possibilidade de viajar pessoalmente a Istambul, caso isso beneficiasse as negociações.
Desde o início deste conflito de 2022, Moscovo tem repetidamente destacado sua prontidão para resolver o conflito na Ucrânia diplomaticamente.
Na madrugada de 11 de maio, o presidente russo, Vladimir Putin, apresentou uma oferta para retomar as negociações diretas com a Ucrânia em Istambul, em 15 de maio realçamdo que foi Kiev quem encerrou o processo de negociação.
A oferta de Putin prevê a retomada das negociações sem pré-condições. O presidente também observou que a Turquia fez muito para organizar as negociações entre Moscou e Kiev.
Na sua primeira resposta à oferta da Rússia, Zelensky exigiu que Moscovo confirmasse um cessar-fogo "completo, duradouro e confiável" a partir de 12 de maio e como resposta porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, observou que as autoridades de Kiev devem não ter entendido bem o que o líder russo disse.
Dada a intervenção do presidente dos EUA, Trump, Zelensky disse estar pronto para uma reunião em Istambul reiterando a exigência de cessar-fogo e acrescentou que aguardaria Putin na Turquia na quinta-feira.
A parte russa lembrando a decisão tomada pelo Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia que permanece em vigor, tal impossibilita as negociações com o presidente russo, Putin.
Pouco se sabe sobre a agenda das negociações projetadas, como geralmente acontece em reuniões diplomáticas tão importantes. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, especificou que a reunião de Istambul abordaria questões relacionadas à busca de uma solução sustentável para o conflito e à realidade local, incluindo a questão territorial. "É muito cedo para fazer previsões", enfatizou o diplomata, acrescentando que muito dependeria da posição dos patrocinadores ocidentais de Kiev.
Os países europeus anunciaram novas sanções à Rússia e expressaram objeções à oferta de Moscovo para negociações com Macron, a apresentar a iniciativa russa como insuficiente e "inaceitável" mas revuando sobre a questao dos territórios agora na parte russa.
Zakharova acentuou que as tréguas so teriam como objetivo "dar a Kiev uma trégua para restaurar seu potencial militar a fim de continuar o confronto com a Rússia".
Rodion Miroshnik, embaixador-geral do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, acredita que o documento que os negociadores russos e ucranianos aprovaram em Istambul em 2022 pode ser uma das opções para resolver o conflito, desde que certos ajustes sejam feitos com base nos acontecimentos dos últimos três anos.
Lembremos que foi Putin quem propôs a ideia de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia na Turquia, em vez das rondas de negociações indiretas que os EUA e outros países tentaram mediar entre os vizinhos em guerra recordando as negociações diretas que ocorreram em 2022 ao defender sua retomada.
"Não foi a Rússia que rompeu as negociações em 2022. Foi Kiev. Mesmo assim, estamos propondo que Kiev retome as negociações diretas sem quaisquer pré-condições", disse Putin no domingo.
Em fevereiro de 2022, a Rússia lançou uma invasão em larga escala à Ucrânia. Pouco depois, Rússia e Ucrânia mantiveram conversas na capital turca, Istambul.
Segundo Zelensky as negociações fracassaram porque a Rússia exigiu que a Ucrânia cedesse a região de Donbass, que abrange as regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk – partes das quais a Rússia ocupou durante sua invasão. Zelensky acrescentou que a Rússia queria que a Ucrânia entregasse seu armamento de longo alcance, fizesse emendas constitucionais para declarar neutralidade e reduzisse significativamente suas forças armadas. "Nunca houve negociações; foi um ultimato de um assassino", disse Zelensky na época.
Zelensky ja disse entretanto que a "fase quente" da guerra poderia terminar se a OTAN oferecesse garantias de segurança para a parte da Ucrânia atualmente sob controle de Kiev e acrescentou que a devolução das terras ocupadas pela Rússia poderia ser negociada diplomaticamente mais tarde.
“A pressão que os EUA têm exercido para tentar pôr fim aos conflitos na Ucrânia evoluiu ao longo do tempo”, disse Keir Giles, consultor sênior do think tank Chatham House, com sede em Londres, à Al Jazeera. “Parece que os elementos mais recentes dessa evolução, particularmente em termos da solidariedade europeia com a Ucrânia, levaram a Rússia a iniciar negociações diretas.”
Nas últimas semanas, no entanto, Trump e sua equipe, incluindo o Secretário de Estado Marco Rubio, expressaram crescente frustração com a falta de progresso significativo nas negociações e ameaçaram abandonar os esforços de mediação de paz.
Explicando sua insistência para que a Ucrânia participe das negociações de Istambul em 15 de maio, Trump argumentou: "Pelo menos eles serão capazes de determinar se um acordo é possível ou não, e se não for, os líderes europeus e os EUA saberão onde tudo está e poderão proceder de acordo!"
“Apoiei o presidente Trump na ideia de conversas diretas com Putin. Expressei abertamente minha disposição para o encontro. Estarei na Turquia. Espero que os russos não fujam do encontro”, escreveu Zelensky em uma publicação no X na segunda-feira.
Zelensky dissera que só estaria presente nas negociações se Putintambém estivesse presente. "Putin é quem determina tudo na Rússia, então é ele quem tem que resolver a guerra. Esta é a guerra dele. Portanto, as negociações devem ser com ele", disse Zelenskyy em uma publicação no X na terça-feira.
Como Putin não está mais prestes a comparecer, não está claro se Zelensky participará pessoalmente das negociações ou se deixará que sua equipe se junte às negociações.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva também prometeu instar Putin a comparecer às negociações.
É difícil prever o que especificamente poderá ser discutido nas negociações da Turquia.
“Seria precipitado prever se haverá qualquer discussão significativa, visto que os resultados aceitáveis para ambos ainda estão muito distantes”, disse Giles. “A Rússia quer neutralizar a Ucrânia como um Estado soberano independente, enquanto a Ucrânia quer sobreviver.”
No momento, a Ucrânia propôs um cessar-fogo incondicional de 30 dias, enquanto a Rússia insiste que uma série de suas exigências sejam aceitas antes de aderir a tal trégua.
Moscovo afirmou que quer garantias sobre o mecanismo de monitoramento para um cessar-fogo e que a trégua não será usada pela Ucrânia para se rearmar e mobilizar mais soldados.
Em vez disso, Putin anunciou cessar-fogo breves e unilaterais nos últimos dias, aos quais a Ucrânia afirma que Moscovo nunca aderiu de fato.
“Não descartamos que, durante essas negociações, seja possível chegar a um acordo sobre novas tréguas, um novo cessar-fogo e uma trégua real, que seria observada não apenas pela Rússia, mas também pelo lado ucraniano. [Seria] o primeiro passo, repito, para uma paz sustentável a longo prazo, e não um prólogo para a continuação do conflito armado”, disse Putin no domingo.