Estava a ouvir um jornalista falar sobre as próximas eleições presidenciais e a sua análise deixou-me arrepiado. Não interessa quem ele é, mas o que foi dito merece atenção. Na CNN Portugal (sim, com minúsculas, pois o conteúdo muitas vezes não é digno de maiúsculas), o foco é reduzido a uma narrativa onde se confrontam duas opções: um almirante e um fascista.

Os números das sondagens, divulgados um ano antes das eleições, mostram Henrique Gouveia e Melo como líder na corrida, sustentado por uma forte campanha mediática. Surge com 25% das intenções de voto. Em segundo lugar, André Ventura tem 16%. António José Seguro, que esteve afastado do cenário político até há bem pouco tempo, já alcança 15%. Luís Marques Mendes aparece com 13%.

Contudo, nenhum desses candidatos é o nosso candidato! E é certo que ainda não conhecemos todos os nomes que entrarão na corrida. Se, no entanto, a situação se mantiver com estas opções – incluindo a possível candidatura de António Vitorino –, as esquerdas não podem cometer o erro de se dividir. É hora de deixarem de lado o sectarismo e unirem forças em torno de um único candidato capaz de impedir Ventura de chegar à segunda volta.

Além disso, esperamos que o PS não cometa o erro de designar o seu candidato apenas em Comissão Nacional. É fundamental que o partido adote o processo de primárias abertas a militantes e simpatizantes, garantindo uma escolha democrática e representativa.

Diante do cenário atual, e perante o risco de conservadorismo e fascismo tomarem o controlo, estamos inclinados a apoiar António José Seguro. Este não é um momento para brincadeiras eleitorais. O voto é a arma mais poderosa da cidadania, e, num contexto onde uma segunda volta pode opor um almirante a um fascista, não podemos hesitar.

Quanto aos 5% que insistem em apoiar projetos armamentistas?
Jamais!