A lista inclui três navios de guerra (duas fragatas e uma corveta), dois navios reabastecedores, três embarcações de pesquisa científica e, surpreendentemente, um navio dedicado à espionagem eletrónica. A ausência de detalhes sobre a proximidade da costa e a curta duração do período em que estas embarcações transitaram levantam questões de segurança e vigilância.
Em declarações este sábado na Base Naval do Alfeite, transmitidas pela CNN, Gouveia e Melo destacou o aumento da presença russa na zona marítima portuguesa. "Há um trânsito cada vez mais intenso de navios da Federação Russa, de Norte para Sul e de Sul para Norte", afirmou o almirante, sublinhando que até mesmo uma embarcação destinada a espionagem fez parte deste fluxo.
A situação, descrita como "atípica", é acompanhada de perto pela Marinha Portuguesa. "A nossa resposta a isso é segui-los, controlá-los, mantê-los sob pressão constante com a nossa presença igualmente constante", afirmou Gouveia e Melo. As declarações foram feitas durante a chegada ao Alfeite da fragata D. Francisco de Almeida, com uma guarnição de 167 militares, que recentemente participou numa missão da NATO.
Apesar do reforço da vigilância marítima por parte da Marinha Portuguesa, este aumento de atividade russa nas águas nacionais levanta questões geopolíticas mais amplas. O almirante Gouveia e Melo procurou transmitir confiança nas capacidades nacionais, mas os movimentos da Federação Russa no Atlântico coincidem com o seu crescente poder de influência em África — um continente frequentemente negligenciado pela União Europeia e pelos seus principais Estados-membros, como França e Alemanha.
Enquanto a presença russa intensifica-se não só no mar, mas também em territórios africanos estratégicos, a Europa parece alheia às implicações deste avanço. Em Portugal, a questão ganha contornos particularmente delicados, dado o posicionamento estratégico do país no Atlântico e a proximidade com importantes rotas comerciais e militares.
O alerta de Gouveia e Melo não deve ser subestimado. A crescente presença russa em águas nacionais não é apenas uma questão de vigilância militar, mas um reflexo de dinâmicas globais em mudança. À medida que o Atlântico se torna palco de disputas estratégicas, Portugal pode estar a desempenhar um papel crítico na segurança europeia — mesmo que esta, ironicamente, pareça pouco interessada em reconhecer o desafio.