Rafaela Lacerda, escritora portuguesa natural de Lisboa, tem ganhado destaque pela sua capacidade de abordar temas complexos e sensíveis.

O seu mais recente livro, "O Outro Olho da Coruja", explora de forma profunda a deterioração física e emocional do ser humano face a uma doença terminal, assim como os delicados temas da eutanásia e do suicídio assistido.

Em entrevista recente ao jornal Estrategizando, Rafaela revelou que o seu romance acompanha um casal ao longo de 20 anos, mostrando como a progressão de uma doença num dos parceiros os conduz à discussão sobre o suicídio assistido. O livro expõe com clareza e sensibilidade os diferentes pontos de vista dos personagens, confrontando as suas convicções políticas, religiosas e éticas. "O importante neste livro são os pontos de vista perante esta questão tão fraturante da sociedade. Como reagir quando um ente querido tem um problema? Como é que nós reagimos perante esse problema?", questiona a autora.

A narrativa de Rafaela é marcada por uma dualidade entre uma linguagem crua e fria, que expõe sem filtros as situações difíceis enfrentadas pelo casal, e momentos delicados que destacam a complexidade das relações humanas. Segundo a autora, esta escolha estilística reflete a realidade, onde "a crueza das situações entra em conflito com uma história de amor por trás".

Questionada sobre o que a motivou a escrever um romance tão impactante, Rafaela não hesita em afirmar: "Escrevo porque não consigo estar calada. A escrita é a minha forma de expressão, a minha voz." Para Rafaela, "a caneta é uma arma com que luto", uma maneira de alertar para os problemas reais frequentemente camuflados ou ignorados pela sociedade.

Criticando o ambiente de anestesia social alimentado pelas redes sociais, onde "parece que está tudo bem", Rafaela denuncia uma realidade mais dura: "As pessoas não estão felizes, não estão realizadas, mas ninguém fala sobre isso". O livro é, por isso, não só uma obra literária, mas também um ato de resistência contra a indiferença social.

"O Outro Olho da Coruja" desafia os leitores a retirarem as máscaras sociais e enfrentarem as verdades difíceis sobre a vida, a dor, e as escolhas éticas. É, acima de tudo, um convite à reflexão e à autenticidade emocional.

Nota do editor

Subscreva o nosso jornal, que preza pela independência, solidariedade e sustentabilidade ativa, e continue a acompanhar obras que transformam a literatura numa ferramenta poderosa de reflexão e mudança social.

 

Video e imagem, por Rita Silva

Referências: