O comentário do chanceler durante um evento empresarial em seu país provocou uma reação de protesto imediata no Brasil e entre parlamentares europeus. 

"O chanceler federal lamentou não ter tido tempo pqara viajar até as margens do Amazonas e conhecer melhor a natureza impressionante da região. Ele teve uma pequena impressão da dimensão dessa paisagem na noite da visita, durante um passeio de barco pelo Rio Guajará, no delta do Amazonas. Em sua coletiva de imprensa em Belém, ele descreveu o Brasil como um importante país parceiro da Alemanha", diz o texto do governo da Alemanha, de acordo com O Globo. 

Vejamos o discurso do chanceler no Congresso Alemão do Comércio.

Na ocasião, ele afirmou que nenhum jornalista que o acompanhou à COP30 gostaria de permanecer em Belém. “Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, disse Merz.

A nota oficial também menciona o interesse da Alemanha em ampliar investimentos no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma das iniciativas brasileiras para a COP30.

O comunicado afirma que Merz apresentou a política climática do novo governo alemão e discutiu o tema em reunião com o presidente Lula.

Parlamentares do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro no Bundestag também criticaram o discurso  do chanceler Merz, interpretada como uma comparação depreciativa entre Brasil e Alemanha.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), foi um dos primeiros a responder às falas do chanceler.

Nas redes sociais, classificou o comentário de Merz como “um discurso preconceituoso”, vindo de um país que “ajudou a aquecer o planeta”.

Para ele, “o Pará abriu as portas e mostrou a força de um povo acolhedor. Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazonia. Um discurso preconceituoso revela mais sobre quem fala do que sobre quem é falado”.

O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), também repudiou a fala. Ele afirmou que a declaração do chanceler “não representa o que a maioria da população do mundo inteiro acha da nossa cidade” e chamou o discurso de “preconceituoso, infeliz e arrogante”. Em vídeo, declarou: “Enquanto você vem com a sua arrogância, nós paraenses, belenenses e amazônidas vamos oferecer o que existe de melhor em nós, que é o nosso calor humano, o nosso acolhimento e o nosso amor. Cada um dá o que tem”.

A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) classificou a fala como “vergonhosa”, enquanto o deputado estadual Guilherme Cortez (Psol-SP), presente à Cúpula de Líderes, chamou o chanceler de “infeliz”

O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AM), também rebateu o comentário. Para ele, “o país mais bonito do mundo é o Brasil e ele já nasceu assim, não precisou intensificar o aquecimento global, tampouco destruir ecossistemas alheios para parecer grandioso”.

Em vídeo, acrescentou: “Vocês, a velha Alemanha, a velha Europa, foram responsáveis pela maior quantidade de CO² na atmosfera. A Amazônia realmente é quente e úmida, mas ficou mais quente devido aos danos que vocês emitiram”.

Nesta terça-feira, 18.11, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu as declarações do chanceler alemão.

Para  Lula o Pará ganhou visibilidade nacional e internacional, destacando a hospitalidade e a riqueza cultural da população local. “O Pará saiu do anonimato nesse país. Qualquer parte do mundo sabe hoje que vir para o estado do Pará, para Belém, que é pobre, mas tem um povo generoso como poucas partes do mundo”, disse o presidente.

“O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou: ‘ah, fui ao Pará mas voltei logo porque gosto mesmo é de Berlim’. Ele, na verdade, devia ter ido a um boteco no Pará. Deveria ter dançado no Pará. Deveria ter provado a culinária do Pará”, afirmou Lula. Em seguida, acrescentou: “Ele ia perceber que Berlim não oferece para ele 10% da qualidade que oferecem o Pará e a cidade de Belém. Coma maniçoba, pô!”, ressaltou Lula.