Na frente externa, a “estratégia” diplomática resume-se ao silêncio ensurdecedor perante a vergonha em Bissau: primeiro fecham o parlamento, depois calam jornalistas portugueses, e Lisboa limita-se a encolher os ombros. “Inoperância” é elogio; isto é diplomacia de papel químico, apagada antes de ser escrita.
A economia, esse laboratório de improvisos, resolveu regressar ao século passado. Montenegro descobre o “subsetor alimentar e de confeção” como motor do futuro, ao mesmo tempo que entrega 5% do PIB em armas aos EUA. Será o regresso glorioso das costureiras patrióticas para equipar os soldados com fardas Made in Portugal?
No ambiente, a ministra relaxa a gestão da água como quem gere uma piscina privada, ignorando que o recurso mais escasso do século XXI evapora a cada verão. Na imigração e nacionalidade, as leis revelam uma ignorância histórica digna de compêndio: nem Cabral, nem Salazar acreditariam no que se legisla hoje em nome da “modernidade”.
E como esquecer as florestas? Ardem, ano após ano, enquanto o MAI assobia para o lado e ignora as limpezas obrigatórias. Milhares de milhões de euros são delapidados em incêndios que se repetem como uma peça trágico-cómica em loop.
A pergunta é simples, Sr. Presidente Marcelo Rebelo de Sousa: quanto mais é preciso acontecer? Se foi tão célere a impor eleições antecipadas ao PS, o que o impede de agir agora? Espera que as cinzas substituam as árvores, que as maternidades fechem por falta de médicos, ou que os diplomatas passem a comunicar por sinais de fumo?
O país não aguenta mais. Talvez só aguente porque já se habituou ao teatro — mas o palco está em chamas, Sr. Presidente.