As autoridades tailandesas anunciaram o encerramento total de todas as passagens fronteiriças terrestres com o Camboja. "Utilizamos o poder aéreo contra
alvos militares, conforme planeado", disse o porta-voz adjunto do Exército tailandês, Richa Suksuwanon, aos jornalistas.
Os confrontos começaram ontem de manhã perto do disputado templo Ta Moan Thom, na fronteira entre o Camboja e a Tailândia, a cerca de 360 quilómetros a leste da capital tailandesa, Banguecoque, e os dois países acusam-se mutuamente de terem iniciado as hostilidades.
O Exército tailandês informou com um comunicado que nove pessoas foram mortas em três províncias fronteiriças, incluindo uma criança, e que 14 ficaram feridas.
As forças do Camboja terão aberto fogo numa zona fronteiriça da província de Surin e o Exército da Tailândia afirma que seis soldados cambojanos estavam à porta de uma base de operações tailandesa “totalmente armados, incluindo com lança-mísseis".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia disse que as tropas do Camboja dispararam "artilharia pesada" contra a base militar tailandesa na manhã de quinta-feira e também atingiram áreas civis, incluindo um hospital, causando vários feridos.
Segundo descreve a rede de televisão e radio difusão da Tailândia (TPBS), centenas de cidadãos tailandeses, incluindo crianças e idosos tentaram reforçar casas e abrigos com sacos de areia e pneus de carros na província fronteiriça de Surin. Por outro lado, o Ministério da Defesa do Camboja condenou a "agressão militar brutal da Tailândia e acrescentou que o país "não tem outra escolha senão usar o direito soberano e territorial para se defender da invasão do Exército tailandes".
Entretanto, a Embaixada da Tailândia no Camboja solicitou aos cidadãos tailandeses que abandonem o país após os confrontos entre os exércitos das duas nações.
O nível de segurança nas passagens fronteiriças foi elevado para 4- o máximo -, o que constitui um encerramento completo.
No meio do ressurgimento da histórica disputa territorial entre Banguecoque e Phnom Penh, o primeiro-ministro interino tailandês, Phum-tham Wechayachai, confirmou à
imprensa que foram disparados tiros numa área reivindicada por ambos.
Entretanto, o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. "Peço que convoque uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para pôr fim à agressão da Tailândia", referiu Hun Manet.
O Camboja e a Tailândia estão em conflito há mais de um século por causa de um traçado da fronteira de mais de 800 quilómetros, definida em grande parte por acordos celebrados durante a ocupação francesa da chamada "indochina", entre final do século XIX e m e a d o s do século XX.
Os confrontos entre os exércitos das nacões vizinhas decorrem um dia depois de um soldado o tailandês ter perdido a perna direita ao pisar uma mina terrestre em território fronteirico, em Ubon Ratchathani.
Este é o segundo incidente do género este mês, levando a Tailândia a retirar o seu embaixador no Camboja e a expulsar o embaixador cambojano em Banguecoque.
As autoridades tailandesas responsabilizam o Camboja pela instalação de minas terrestres em território tailandês, o que, segundo Banguecoque,
constitui uma violação da Convenção de Otava, o acordo internacional que proíbe o uso, o armazenamento, a produção e a transferência de minas terrestres antipessoais, segundo a emissora pública Thai PBS.
A morte de um soldado cambojano em Maio intensificou o conflito. Desde este incidente, pelo qual os dois se culpam mutuamente, a Tailândia e o Camboja enviaram mais tropas para áreas que ambos reivindicam.
Enquanto Banguecoque defende uma solução bilateral, Phnom Penh encaminhou a disputa para o Tribunal Internacional de Justiça, em Junho.
Desde essa altura, a Tailândia implementou restrições de acesso em todos os postos fronteiriços ao longo dos mais de 800 quilómetros de fronteira que partilha com o Camboja, permitindo a entrada apenas por motivos humanitários, de saúde ou educação.
Em 2011, confrontos em torno do templo Preah Vihear, classificado como património mundial pela Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e reivindicado por ambos o s países, causaram pelo menos 28 mortos e dezenas de mi l hares de deslocados.
Embora o Tribunal Internacional de Justiça tenha atribuído ao Camboja, em 2013, a zona contestada abaixo do templo, outras áreas são ainda disputadas.
Colocando o conflito no contexto global atual recordemos que da reforma política da monarquia absoluta em 1932, até hoje a Tailândia ja teve 17 constituiçõe e a forma de governo variou de ditadura militar para a democracia eleitoral, mas todos os governos reconheceram um monarca hereditário como o chefe de Estado.
Antes de 1932, o Reino de Sião não possuía uma legislação, com todos os poderes legislativos concentrados na pessoa do monarca e desde a fundação do Reino de Sucotai, no século XII.
O rei era visto como um darmaraja(literalmente: "rei que governa de acordo com o Darma", a lei budista de justiça).
Entre 1932 e 1973 a política do país foi dominada por ditaduras militares que estiveram no poder durante grande parte do período. As principais personalidades foram o ditador Luang Phibunsongkhram(mais conhecido como Phibun), que aliou o país com o Japão durante a Segunda Guerra Mundial, e o político civil Pridi Phanomyong, que fundou a Universidade Thammasate e foi brevemente o primeiro-ministro após a guerra.
A invasão japonesa da Tailândia ocorreu em 8 de dezembro de 1941.
Durante a Guerra do Vietnam, a Tailândia foi aliada dos Estados Unidos entre 1965 e 1971, estando presente com forças militares no Vietnam do Sul.
As Forças Armadas da Tailândia consistem no Exército Real Tailandês (กองทัพบกไทย), Força Aérea Real (กองทัพอากาศไทย) e Marinha Real (กองทัพเรือ, ราชนาวี).
Em 2014 as Forças Armadas da Tailândia tinham uma força de trabalho combinada de 306 mil pessoas em serviço ativo e mais de 245 mil em reserva.
Estas unidades compõem o poder terrestre (tanques), além de 573 no poder aéreo (aeronaves e porta-aviões) e 81 no poder naval (submarinos e ogivas nucleares), com um orçamento de defesa de 5,3 bilhões * US$.
A Tailandia é pois um dos aliados firmes dos Estados Unidos e um dos principais aliados externos da Nato. O país continua a ser um membro ativo da Associação de Nações do Sudeste Asiático(ASEAN), exercendo certa influência em sua região e desenvolvendo laços cada vez mais estreitos com outros membros da ASEAN, como a Indonésia, Malásia, Singapura, Brunei, Laos, Camboja, Mianmar e Vietnam cujos ministros externos e economicos realizam reuniões anuais.
A cooperação regional é mantida pelo país, em especial no que trata da economia, política e questões culturais. Em 2003, a Tailândia serviu como anfitriã da APEC. O ex-vice-primeiro-ministro tailandês, Supachai Panitchpakdi, foi Secretário-Ger al da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) entre 2005 e 2013, tendo sido o primeiro a exercer o cargo de origem leste-asiática. Em 2005, a Tailândia participou da inaugural da Cimeira do Leste Asiático.
Nos últimos anos, a Tailândia tem assumido um papel cada vez mais ativo no cenário internacional. Quando Timor-Leste conquistou a independência da Indonésia, a Tailândia, pela primeira vez em sua história, contribuiu enviando tropas para o esforço internacional de paz.
Ja o Camboja está nos antipodas e é um alinhado e com relações muito fortes com a RPChina, sendo a RPChina seu principal parceiro comercial e fonte de investimentos, além de ser considerado um de seus aliados mais leais na Ásia.
De qualquer forma as relações entre China e Tailândia evoluíram positivamente em 1978, quando os chineses continuaram apoiando a Tailândia durante o conflito interno do Camboja, pelo qual as forças marxistas do Vietnam derrubaram os Khmer Vermelho do poder, que ameaçava a segurança do Sudeste asiático.
As relações continuaram a se desenvolver com o comércio entre chineses e tailandeses, já que a economia tornou-se o tema dominante nas relações bilaterais. A Tailândia continua a apoiar a política de uma só China, apesar de mantér relações oficiais com Taiwan.
A República Popular da China permite que a Tailândia tenha acesso ao capital e ao enorme mercado da China continental