No entanto, os olhos foram maiores que a barriga.
O Canadá, o México e a China, que também esperavam saborear o seu quinhão, não ficaram de braços cruzados. O Canadá, qual cozinheiro ofendido, decide temperar os pratos americanos com tarifas próprias. O México, conhecido pelos seus molhos picantes, promete uma resposta ainda mais forte. Já a China, com a paciência de quem conhece o tempo e a estratégia, aguarda o momento certo para dar um golpe silencioso: reduzir as exportações de materiais essenciais e procurar novos convivas para o seu banquete.
Tal como numa refeição desequilibrada, as consequências surgem rapidamente. Fábricas começam a encerrar portas, postos de trabalho desaparecem, e os mercados ficam enjoativos, com flutuações imprevisíveis. Enquanto isso, os países emergentes, como a Índia e o Vietname, aproveitam para ganhar terreno, oferecendo alternativas mais leves e económicas.
No entanto, a sabedoria chinesa oferece uma lição essencial: a paciência é um prato que se serve frio. Acreditam que, em vez de agir impulsivamente, é preferível cultivar relações comerciais sólidas, como se cultiva um campo de arroz – com tempo, persistência e atenção. Quem se apressa a colher antes do tempo arrisca-se a ficar com grãos verdes e amargos.
Assim, esta guerra comercial serve para nos recordar de que a ganância desmedida pode ser desastrosa. Tal como na vida, na economia global há que ponderar cada decisão, ouvir os outros à mesa e lembrar-se que quem tudo quer, tudo pode perder. A paciência, a estratégia e a resiliência – virtudes frequentemente associadas à cultura chinesa – são mais valiosas do que a pressa de conquistar o mundo num só jantar.
Nota do editor
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