Uma Lição de História aos fascios, cheganos ou não, aos CDS e equivalentes sobre a sexualidade 

Se ainda há quem viva confortável no velho cinismo luso, cresce o número dos que já não têm paciência para a direita que se indigna por tudo e por nada, mas evita sequer enfrentar a pergunta mais simples: como descobriu o seu ministro dos Negócios Estrangeiros que era homossexual, sendo ele próprio assumido e público na sua orientação?

Mais revelador ainda é o silêncio ensurdecedor. Nenhum cheganista, nenhum militante do CDS, nenhum dos moralistas que circulam vídeos contra crianças trans na internet, incluindo o que a RTP2 divulgou,  levantou a voz para denunciar os abusos homossexuais ocorridos em escolas, como no caso de Vimioso.

Chegou o momento de lhes levantar o véu, expor a face que escondem e as vergonhas que guardam para uso doméstico.

Vou começar pelos reis, porque eles adoram reis e quanto mais absolutistas melhor, sejam de Portugal ou nao, pois apesar da  homossexualidade ter sido  severamente condenada pela Igreja, Europa fora, as cortes e a corte real foi por demais sexualizada e nos multipplos percursos da mesma diga-se.

E apesar  da  Inquisição portuguesa instituída por bula papal em 1536 tivesse  jurisdição especial na condenação e perseguição aos “sodomitas”, como eram chamados os homossexuais , e todos aqueles que “desperdiçavam” o sêmen  reis, príncipes e nobres da alta e baixa aristocracia que se  dedicavam a uma vida de sexualidade diversa e digamos escandalosa aos olhos da época na verdade pouco ou nada sofriam por tal.

Um monarca homossexual ou bissexual podia até ser visto somente como uma oportunidade por permitir criar vínculos e ascensões sociais rapidas e diversificadas.

Vamos deixar-vos assim seis  reis  e personalidades insignes da corte e uma rainha, com nomes célebres que tiveram publica ou ocultamente uma vida sexual “fora da caixa”.

1. Dom Pedro I (1320-1367)

A paixão de Pedro e Inês de Castro foi cantada em poemas e romances. O que poucos sabem é que D. Pedro I também se apaixonou pelo mesmo sexo. D. Pedro I (1320-1367) ficou conhecido pela paixão por Inês de Castro, a mulher que coroou depois de morta,

So que como  bissexual teve outro amor o seu escudeiro Afonso Madeira.

Pata mal de  Afonso Madeira o mesmo foi  apanhado na cama de Catarina Tosse, mulher casada com Lourenço Gonçalves, o corregedor da corte e D. Pedro I, furioso e mandou castrar Afonso Madeira.

Segundo as crónicas oficiais, a castração era uma punição pois o rei não admitia adultérios na sua corte.

O cronista Fernão Lopes, contudo, deixa subentendido outro motivo: “E como quer que o el-rei [D.Pedro I] muito amasse [o escudeiro Afonso Madeira], mais que se deve aqui de dizer, posta de parte toda bem-querença, mandou-o tomar dentro em sua câmara, e mandou-lhe cortar aquele membro que os homens em mór preço tem: de guisa que não ficou carne até aos ossos, que tudo não fosse cortado.” (Fernão Lopes, Crônica de el-rei D. Pedro I, capítulo VIII.)

2. Infante Dom Henrique (1394-1460)

Infante D. Henrique, o Navegador, nunca se casou e não teve filhos tendo passado à história como um príncipe casto, já que nunca se casou e nunca teve qualquer ligação com mulheres e segundo o historiador Fernando Bruquetas de Castro, a homossexualidade do infante ficou claro quando ele perdeu um amigo na campanha em Ceuta, em 1414. D. Henrique fez um luto de três meses e chorou muito. Tanto que seu pai, o rei D. João I, chegou a pedir-lhe que se contivesse.

O comportamento incomum levou até seu irmão, o futuro rei D. Duarte, a dizer-lhe para que “não desse mais prazer aos homens para além do que se deve fazer de forma virtuosa”.

Em Sagres, D. Henrique estava sempre rodeado de navegadores jovens que lhe traziam como prenda escravos negros.

O mais estranho, contudo, é o desaparecimento do seu cronista, seu contemporâneo, que escreveu a sua história. “Por que desapareceu? Porque estava lá tudo e não queriam que a Igreja soubesse”, afirma Brusqueta de Castro.

3. Dom Sebastião (1554-1578)

D. Sebastião assumiu o trono de Portugal aos 14 anos de idade. Não se casou, evitou as mulheres e não teve filhos.

Desapareceu durante uma batalha na África em 1578 aos 24 anos de idade.

Sebastião (1554-1578) teria contraído gonorreia aos 10 ou 11 anos e a doença provocou-lhe uma “disfuncionalidade”, conforme registros médicos da época, isto é, impotência sexual. Seria por isso que o Rei evitou o casamento e as mulheres.

Adiou sucessivamente os possíveis casamentos que lhe foram propostos ao longo da vida. No entanto, há quem atribua a falta de descendência do rei não ao fato de ter ficado impotente, mas por ser homossexual.

O cronista português Bernardo da Cruz, relata em sua Crônica d’el rei D. Sebastião, que um dia, em plena caçada no Alentejo, os nobres que acompanhavam o rei ouviram barulho e foram ver o que se passava.

Encontraram, então, no meio do bosque, D. Sebastião abraçado a um escravo negro, que tinha fugido de uma propriedade na noite anterior.

Ouviram da boca do monarca a justificação de que pensava ter agarrado um javali, porque já estava escuro.

Como D. Sebastião ele era caçador e sabia distinguir um javali de uma pessoa, fica-se a dúvida, se ele de fato mentiu ou se referiu a um escravo como um animal.

D. Sebastião desapareceu durante a batalha de Alcácer-Quibir, na África, em 1578. Tinha, então, 24 anos de idade. Não deixou herdeiros e seu desaparecimento e suposta morte arrastaram Portugal para uma crise dinástica.

4. Dom Afonso VI (1643-1683)

D. Afonso VI, apelidado de “o Vitorioso”, foi o Rei de Portugal e Algarves de 1656 a 1683. D. Afonso VI (1643-1683) tinha fama de ser um jovem rebelde e arruaceiro, e um rei fraco. Apesar da paralisia parcial do lado direito do corpo (sequela de uma febre hemiplégica, talvez meningoencefalite), do excesso de peso e da bulimia, gostava de sair à noite com um grupo de amigos de reputação duvidosa. O seu companheiro favorito de farra era o comerciante genovês Antônio Conti que tinha uma loja de cintos, meias e adornos femininos. Segundo o historiador português Joaquim Serrão, este astuto genovês soube insinuar-se nas boas graças do monarca, “aplaudindo os seus protegidos e ofertando-lhe bugigangas condizentes com o seu pouco apurado gosto, sempre que o rei descia ao pátio para conversar com ele. Conti tratou de lhe apresentar o seu irmão e também outros rapazes, incluindo negros, lacaios, mouros e outros de ínfima estirpe”.

Em pouco tempo, Conti passou a frequentar o Paço, com acesso direto ao quarto real.

Tornou-se o moço da câmara do rei, estando presente no ritual de vestir e despir e ainda sendo o responsável pelo guarda-roupa real.

O rei tornou-o fidalgo e lhe concedeu o hábito da ordem de Cristo.

São conhecidas as aventuras e arruaças do rei e seu amigo Conti com mulheres incluindo as freiras do Convento de São Dinis em Odivelas.

Contudo, D. Afonso VI, devido à sua hemiplegia, dificilmente conseguiria concretizar o ato sexual por não ter ereção Em 1666, D. Afonso VI casou com D. Maria Francisca Isabel de Saboia, mas pouco tempo depois a rainha pedia a anulação do casamento por este não ter sido consumado, ou seja, não tiveram relações que permitissem assegurar a sucessão ao trono. Parecem existir documentos suficientes que atestam a incapacidade do monarca em ter relações sexuais.

Farta do comportamento inadequado do filho, D. Luísa de Gusmão mandou prender e deportar Conti para o Brasil.

O rei passou a levar um estilo de vida mais discreto, mas nunca deixou de receber rapazes.

5. Dom João V (1689-1750)

D. João V, “o Freático”, rei de Portugal e Algarves de 1706 a 1750. D. João V (1689-1750) teve os cognomes de “o Magnânimo” e “o Rei-Sol Português”. Foi durante o seu reinado que ocorreu o auge da mineração de ouro e diamantes do Brasil.

O rei ficou conhecido, também, como “o Freirático” por sua predileção por freiras.

Tudo se passaria no Convento de São Dinis em Odivelas, o mesmo convento que Afonso VI frequentava. No tempo de D. João V, este convento criou má fama, por causa dos escândalos das freiras com os fidalgos seus amantes e com o próprio rei. Segundo os boato da época, D. João V era tão religioso, que só buscava amantes entre as freiras. D. João V era assíduo frequentador do convento amando muitas freiras, de quem teve vários filhos, os chamados “meninos de Palhavã”, como eram chamados os bastardos de D. João V, reconhecidos pelo monarca em documento de 1742. A mais célebre amante do rei foi madre Paula de Odivelas. Bela e jovem (teria 18 anos quando o rei a conheceu), madre Paula tornou-se a favorita e logo foi nomeada madre superiora do convento e recebendo todas as atenções do monarca.

Para ela, D. João V mandou construir aposentos luxuosos no convento. A generosidade real era extensiva à família da amante.

O pai de Paula foi armado cavaleiro e recebeu o hábito da Ordem de Cristo.

Paula e todos seus herdeiros e sucessores receberam vultosa pensão paga pelo tesouro real (alimentado pelo ouro do Brasil). O rei mandou construir para D. José de Bragança, seu filho com a freira, um palacete em Lisboa onde hoje está instalada a Embaixada de Espanha.

Madre Paula de Odivelas em pintura anônima do século XVIII como Nossa Senhora.

Sodomia, homossexualismo e homossexualidade A sodomia, termo bíblico para chamar o sexo entre duas pessoas do mesmo sexo, foi condenada pela Igreja desde o início do cristianismo. As Ordenações Afonsinas, a primeira consolidação de leis de Portugal, feita no século XV, declararam que a sodomia era o mais torpe, sujo e desonesto pecado ante Deus e o mundo, impondo ao infrator que fosse queimado até virar pó, para que não restasse memória de seu corpo e sepultura. A partir do século XVI, a Inquisição encarregou-se de investigar, julgar e condenar à fogueira os sodomitas.

Esta visão moralista da sexualidade manteve-se até finais do século XIX, quando a homossexualidade passou a ser vista como doença – daí ser chamada de homossexualismo, mas ainda assim condenava pela sociedade. O Império do Brasil foi uma das primeiras nações das Américas e uma das primeiras do mundo a revogar a lei de sodomia vigente, herdada de Portugal, em 1830, durante o reinado de D. Pedro I, quando foi promulgado o Código Penal do Império.

Em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). Em 1994, a CID substituiu o termo “homossexualismo” (ainda hoje utilizado) por “homossexualidade”, pois o sufixo “ismo” indica doença, enquanto “dade” relaciona-se ao modo de ser (comportamento). Uma alteração que parece corresponder à mudança na forma como determinadas sociedades passaram a encarar a relação homossexual, entendendo-a como decisão individual. Contudo, em 70 países a homossexualidade ainda é criminalizada, com casos de prisão e até de pena de morte.

Poucos historiadores se arriscam a entrar na vida íntima de Dom João VI. Dois deles, Tobias Monteiro e Patrick Wilcken, apontam evidências de que, na ausência da mulher, ele manteve um relacionamento homossexual - mais por conveniência do que por convicção - com Francisco Rufino de Sousa Lobato, um dos camareiros reais. Monteiro sugere que as funções de Francisco Rufino incluíam masturbar o rei com certa regularidade. Um frade, identificado apenas como padre Miguel, teria assistido, sem querer, a cenas de intimidade entre o rei e seu vassalo na fazenda Santa Cruz, onde ficava o palácio de verão da corte no Rio. Depois desse episódio, o padre foi transferido para Angola, mas, antes de partir, deixou registrado, por escrito, seu testemunho sobre o que teria visto

D. Amélia nasceu em 1865, no seio da aristocracia francesa, filha do Conde de Paris, Luís Filipe Alberto de Orleães. Casou-se com o rei D. Carlos I em 1886, tornando-se rainha consorte de Portugal. A sua presença trouxe um toque de elegância francesa à corte portuguesa, mas o seu papel transcendeu a mera figura decorativa.

D. Amélia envolveu-se em várias causas sociais, tendo fundado a Assistência Nacional aos Tuberculosos e o Museu dos Coches, iniciativas que deixaram uma marca duradoura na história do país.

O seu reinado, no entanto, foi marcado por tragédias que abalaram profundamente a sua vida. Em 1908, testemunhou o brutal assassinato do seu marido e do filho mais velho, D. Luís Filipe, num atentado no Terreiro do Paço, em Lisboa.

Poucos anos depois, em 1910, a implantação da República forçou-a a partir para o exílio, onde viveu até à sua morte, em Versalhes, em 1951. Os seus restos mortais repousam hoje no Panteão dos Braganças, ao lado da sua família

Apesar da imagem pública de rainha devota e esposa dedicada, D. Amélia viveu uma história de amor que desafiava as normas da sua época. A sua ligação íntima com Josefa de Sandoval y Pacheco, conhecida como Pepa Sandoval, é uma das páginas mais discretas — e fascinantes — da história da monarquia portuguesa.

Josefa, a 5ª Condessa de Figueiró, foi muito mais do que uma dama camarista de D. Amélia. Ao longo de 25 anos, acompanhou a rainha nos momentos mais difíceis da sua vida, incluindo o exílio.

A relação entre as duas mulheres foi envolta em discrição, mas a proximidade e a cumplicidade que partilhavam ultrapassavam largamente o mero protocolo real. Pepa Sandoval não era apenas uma confidente; era uma presença constante e essencial na vida da rainha.

Em tempos onde o amor entre pessoas do mesmo sexo era um tabu social — especialmente dentro da realeza —, a ligação entre D. Amélia e Josefa foi um segredo bem guardado. A condessa era casada com António de Vasconcelos e Sousa, conde de Figueiró, mas o seu verdadeiro vínculo parecia estar ao lado da rainha. Até ao fim dos seus dias, D. Amélia manteve Josefa por perto, numa lealdade que transcendeu qualquer convenção social da época.

 

Talvez olharem pars si. para as porno passeatas para os herois do Elefante Branco às escandidas da familia como o sr Neves que há tão pouco tempo louvaram na AR ....