A declaração foi feita na segunda-feira, 12.05, um dia depois do presidente russo, Putin, propor o reinício de negociações de paz com a Ucrânia, sem qualquer precondição.
“Não se pode falar com a Rússia nessa linguagem”, disse o porta-voz, em referência às declarações da Alemanha, que ameaçou impor novas sanções .
Para o Kremlin, a tentativa de impor condições prévias e prazos rígidos demonstra que os países europeus formada por França, Alemanha, Reino Unido e Polônia insistem numa postura arrogante e contraproducente.
Peskov reiterou que a proposta de Putin, apresentada publicamente no domingo, é clara: a Rússia está pronta para retomar as negociações diretas com Kiev, desde que sem exigências prévias de qualquer natureza. Segundo ele, essa disposição visa uma solução de longo prazo para o conflito e não apenas uma interrupção temporária dos combates.
“Estamos comprometidos em encontrar uma verdadeira resolução diplomática para a crise ucraniana, abordando as causas profundas do conflito e alcançando uma paz duradoura”, afirmou Peskov.
Ele também disse que a Rússia propõe que o novo processo de negociações aconteça em Istambul.
O governo ucraniano, por sua vez, condicionou qualquer diálogo a uma trégua de 30 dias proposta que recebeu apoio imediato de várias capitais europeias, com a Alemanha a ameaçar Moscovo com novas sanções caso não aceitasse o cessar-fogo.
Peskov, no entanto, alertou que há “preocupações cruciais” que precisam ser discutidas antes da implementação de qualquer pausa nos combates.
A Rússia desconfia que a trégua possa ser utilizada por Kiev para reagrupar tropas, reorganizar posições e intensificar sua mobilização militar — o que, segundo o Kremlin, seria uma violação do espírito de qualquer negociação autêntica.
Apesar disso, o porta-voz não descartou a ideia de um cessar-fogo em si. “Estamos abertos à ideia de uma trégua, em geral”, declarou Peskov, acrescentando que a Rússia exige garantias reais de que qualquer interrupção nas hostilidades será acompanhada de compromissos concretos e verificáveis por parte da Ucrânia e de seus apoiadores.
Ao insistir na disposição para negociações sem precondições, a Rússia tenta reforçar a narrativa de que está interessada numa saída política e diplomática para a guerra — uma posição que, para Moscou, deveria ser reconhecida como responsável e razoável.
Nesse sentido, a tentativa da União Europeia de impor sanções adicionais aparece, do ponto de vista russo, como uma escalada desnecessária e uma prova de que o bloco continua a agir mais como parte do conflito do que como agente da paz.