Desta vez, o enredo envolve um incendiário a caminho do Tribunal da Relação que, surpreendentemente, conseguiu escapar das garras da justiça. Como? É aqui que a magia começa.
Imagine-se a cena: os agentes abrem a porta da viatura policial de transporte de detidos, um cenário de rotina, aparentemente sem riscos. Mas, de repente, o inesperado: o detido “enceta a fuga”, desata numa corrida desenfreada e, para completar o quadro de mistério, consegue libertar-se da algema de um dos pulsos. É verdade, caro leitor: algemas partidas ao estilo Houdini, agora em Lisboa.
É óbvio que uma operação desta dimensão só podia contar com o proverbial “perseguição imediata”. E assim, lá vão os nossos agentes, numa perseguição alucinante pela Rua Vítor Cordon. Seria cómico, não fosse trágico. O detido é “visto pela última vez” numa rua larga e movimentada, desaparecendo como um ilusionista de feira. O que é que se passa na PSP?
A resposta parece estar no próprio interior da força. O *Movimento Zero*, um grupo de agentes que defende mudanças profundas na PSP, reflete o cansaço e a frustração de muitos. Desmotivados, desencantados e, como nos mostram os eventos recentes, propensos a erros grotescos, a PSP precisa urgentemente de uma dose de autoavaliação.
Estas “falhas operacionais” estão a transformar a segurança pública numa novela policial. Será que alguém acredita que foi apenas azar? Ou que, de repente, os detidos ganharam habilidades sobre-humanas? Esta sequência de desastres operacionais, enganos e fugas, coloca a PSP numa posição delicada e levanta uma questão inquietante: estamos a ser protegidos por uma força de segurança motivada, ou por um grupo à beira de um colapso organizacional?
Num contexto onde o humor e a incredulidade se misturam, é urgente que os responsáveis não só “abram inquéritos” como também ajustem o foco sobre a motivação e o estado de espírito dos agentes. Um corpo policial desmotivado é uma receita perigosa – não só para os que servem, mas para todos os cidadãos.
Por enquanto, continuamos a assistir à peça. Afinal, a PSP, que devia proteger a ordem e assegurar a justiça, parece ter-se transformado num episódio de humor negro. Mas numa coisa temos de concordar: a história nunca perde o seu lado intrigante.