Apesar de a manifestação ter ocorrido num reduto republicano, a maioria dos presentes eram antigos apoiantes, agora desiludidos. Muitos passaram a apoiar vozes mais progressistas como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, vendo na atual liderança de Trump uma ameaça aos princípios democráticos.
Durante o protesto, Trump reagia online com publicações desconexas na rede Truth Social e avançava com um processo contra o programa de televisão “60 Minutes”, por uma entrevista a Kamala Harris que o desagradou. A ação judicial, considerada desproporcionada por analistas, foi vista como uma tentativa de censurar a imprensa.
O descontentamento também se estende à política económica de Trump. A guerra comercial, o aumento das tarifas e a instabilidade provocada pelas suas decisões afetaram duramente os mercados financeiros. As obrigações do tesouro americano colapsaram, investidores estão a fugir do dólar e a confiança no sistema financeiro dos EUA está em declínio.
Paralelamente, Trump recusa-se a cumprir ordens judiciais. Um caso exemplar é o de Kilmar Abrego Garcia, migrante legalmente residente nos EUA que foi deportado para El Salvador por engano. Apesar da ordem do Supremo Tribunal para o seu regresso, Trump ignorou-a, transferindo a responsabilidade para o presidente salvadorenho Nayib Bukele. Este desrespeito pela justiça federal foi descrito como uma rutura grave da ordem constitucional.
Bernie Sanders, num comício recente com mais de 150 mil pessoas, acusou Trump de governar como um ditador e afirmou que os EUA já não são uma democracia funcional, mas uma oligarquia. Outros protestos massivos em cidades como Los Angeles reforçam esta tese.
A crise política e económica refletiu-se também no setor do turismo. Visitantes da Europa, Canadá e Austrália evitam os EUA por medo da política de imigração agressiva, resultando em cancelamentos de voos e quedas abruptas nas reservas de hotéis.
Para muitos, este episódio em Utah marca o início de uma insurreição simbólica contra a oligarquia que Trump representa. Um grito coletivo de um povo cansado da instabilidade, do autoritarismo e da falta de humanidade nas políticas de um líder que, cada vez mais, se isola dos princípios fundamentais da democracia.
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