Com regiões críticas como o Tejo e as Ribeiras do Oeste, o Vouga, o Mondego e o Douro em destaque, o país está a investir em soluções para mitigar este desafio. Até 2027, estão previstas 584 medidas de intervenção e prevenção, que envolvem um investimento de 216,77 milhões de euros.
No entanto, surge outra questão: será o dinheiro e o esforço investido suficientes para responder a eventos de escala e intensidade crescentes, causados pelas alterações climáticas?
As ações delineadas no Plano Nacional de Gestão de Riscos de Inundações contemplam um equilíbrio entre a prevenção e a proteção. Dos recursos financeiros alocados, a maior parte destina-se a medidas de preparação (71,1%), enquanto as iniciativas de proteção absorvem 204,6 milhões de euros.
Mas será que esta aposta na preparação, ainda que louvável, é o bastante? Como podemos garantir que as nossas cidades, vilas e comunidades rurais estarão devidamente protegidas contra uma natureza cada vez mais imprevisível?
Para enfrentar as inundações, não basta construir muros e diques; é necessário sensibilizar as comunidades, criar políticas de ordenamento do território ajustadas e promover uma cultura de prevenção. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e a APA têm feito esforços nesse sentido, disponibilizando mapas das zonas inundáveis e oferecendo orientações para a proteção das populações.
Será que estes recursos chegam aos cidadãos de forma eficaz? Será que sabemos, por exemplo, como reagir em caso de emergência? Ou será que continuamos a pensar que “nunca nos vai acontecer”?
O combate ao risco de inundações em Portugal não depende apenas das autoridades. Todos temos um papel fundamental, seja na forma como utilizamos os recursos naturais, seja na participação ativa em iniciativas de prevenção.
E talvez a questão mais importante de todas seja: estamos verdadeiramente conscientes de que a mudança começa em cada um de nós?
À medida que o clima muda, também nós precisamos de mudar.
Este é o momento de refletirmos sobre as nossas escolhas, de agirmos em união e de reforçarmos a nossa capacidade de resposta face a este tipo de catástrofes. Até porque, não queremos que a próxima grande inundação nos apanhe desprevenidos.