POEMA – “A SAUDADE”

NUM DIA
Cinzento
Da vida
Cruzei-me
Com a saudade,
Estava vestida
De negro
E não soube
Que fazer,
Perdido
Lá na cidade,
Nesse triste
Entardecer...

FINGI
Que não a via,
Mas olhei-a
De través,
Sem saber
Por que o fazia
Ou receio
De um revés.

MAS ELA
Entrou em mim
Porque de mim
Não saíra,
Memória
Incompleta
De algo
Que não partira.

É SAUDADE
Do que nunca
Aconteceu
E por isso
Atinge forte,
Como raio
E trovão,
Quem revive
O que viveu
Em sofrida
Solidão.

A SAUDADE
Aparece
Onde menos
Se espera,
Ela sempre
Acontece,
Redonda
Como esfera.

E É NOS DIAS
Cinzentos
Que ela
Sempre
Aparece
Disfarçada
De acaso...
.......
É assim
Que acontece,
É destino
A caminho
Do ocaso.

A SAUDADE,
Imprevisível
E forte,
Encandeia
Quem a sente,
Qual clarão
Em noite escura
Nos dias
Cinzentos
Da vida,
Sempre intensa,
Sempre impura,
Uma infinda
Despedida...
................
Que já nem o tempo
Cura.

QUANTO MAIS 
O tempo passa
Mais a saudade 
Dura 
E cresce
Pois se o passado
Não cura
Para sempre
Permanece.

Joao de Almeida Santos
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Foto de destaque:“Melancolia”. JAS 2022. 80×88, em papel de algodão (310gr) e verniz Hahnemuehle, Artglass AR70, em mold. de madeira