NUM DIA Cinzento Da vida Cruzei-me Com a saudade, Estava vestida De negro E não soube Que fazer, Perdido Lá na cidade, Nesse triste Entardecer... FINGI Que não a via, Mas olhei-a De través, Sem saber Por que o fazia Ou receio De um revés. MAS ELA Entrou em mim Porque de mim Não saíra, Memória Incompleta De algo Que não partira. É SAUDADE Do que nunca Aconteceu E por isso Atinge forte, Como raio E trovão, Quem revive O que viveu Em sofrida Solidão. A SAUDADE Aparece Onde menos Se espera, Ela sempre Acontece, Redonda Como esfera. E É NOS DIAS Cinzentos Que ela Sempre Aparece Disfarçada De acaso... ....... É assim Que acontece, É destino A caminho Do ocaso. A SAUDADE, Imprevisível E forte, Encandeia Quem a sente, Qual clarão Em noite escura Nos dias Cinzentos Da vida, Sempre intensa, Sempre impura, Uma infinda Despedida... ................ Que já nem o tempo Cura. QUANTO MAIS O tempo passa Mais a saudade Dura E cresce Pois se o passado Não cura Para sempre Permanece.
Joao de Almeida Santos
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Foto de destaque:“Melancolia”. JAS 2022. 80×88, em papel de algodão (310gr) e verniz Hahnemuehle, Artglass AR70, em mold. de madeira