Embora o primeiro trimestre do ano costume sofrer uma ligeira retração sazonal, particularmente devido à quebra no setor do turismo, a dimensão desta queda em 2025 ultrapassa os efeitos esperados da sazonalidade. A análise dos dados revela uma desaceleração generalizada da procura interna, com o consumo privado a encolher, e um contributo negativo da procura externa, resultado da quebra nas exportações de bens e serviços.
A travagem na economia não pode ser desligada do clima de incerteza internacional, agravado por tensões políticas e comerciais a nível global. O avanço de narrativas trumpistas e protecionistas nos Estados Unidos, aliado ao declínio de um modelo de globalização unilateral, tem gerado instabilidade que afeta diretamente o investimento externo e interno.
Ao mesmo tempo, começa a emergir um novo multilateralismo económico, centrado no reforço das economias do Sul Global, que desafia os paradigmas tradicionais representados por instituições como o FMI e o Banco Mundial. Este contexto torna ainda mais relevante a capacidade dos governos nacionais para se adaptarem e liderarem com visão estratégica.
A governação PSD, liderada por Luís Montenegro, entra assim em 2025 com o pé esquerdo em matéria económica. As promessas de dinamismo e crescimento esbarram numa realidade marcada por fragilidade estrutural, queda da confiança dos consumidores, e incerteza nos mercados. O impacto das políticas do novo governo começa a sentir-se, e os dados não abonam a favor do discurso de estabilidade e competência tantas vezes apregoado.
A resposta está nas decisões políticas que se seguem. Por agora, os números falam por si — e o contraste entre os dados do PS em 2024 e os do PSD em 2025 não poderia ser mais evidente.
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