Neste fim de semana pascal de 2025, o cenário nos serviços de saúde pública parece mais digno de um lamento litúrgico do que de uma celebração de esperança e renascimento.

Com o país a celebrar a Páscoa, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta mais uma prova de resistência: o encerramento de várias urgências hospitalares, num período em que muitas famílias contam com o reforço dos cuidados de saúde, especialmente nas áreas mais sensíveis.

No sábado, seis urgências estarão encerradas. No domingo, o número sobe para dez. A maioria diz respeito aos serviços de obstetrícia e ginecologia na região de Lisboa e Vale do Tejo — um dado que levanta sérias questões sobre a equidade e o acesso à saúde das mulheres, precisamente num dos momentos mais simbólicos do calendário religioso.

Em plena celebração da vida, da renovação e da compaixão, a ausência de respostas nos serviços essenciais leva-nos a perguntar: onde está a verdadeira caridade cristã quando o direito à saúde é posto entre parêntesis? E mais ainda: estaremos perante um boicote velado à saúde reprodutiva, orquestrado por consciências moralistas disfarçadas de objetoras de consciência?

Afinal, será mera coincidência que tantos serviços de ginecologia estejam encerrados? Ou estaremos a assistir à atuação de uma ala conservadora, pouco científica e ainda menos laica, que prefere impor os seus dogmas em vez de servir o bem comum?

Fica no ar a provocação:
Será que os faltosos que levam ao encerramento das urgências são os “opusdeístas” anti-Interrupção Voluntária da Gravidez, escondidos sob o manto da objeção de consciência?

A resposta talvez requeira não fé, mas uma auditoria.
E quem sabe… um concílio laico para salvar o que resta da nossa saúde pública.

👉 Para consultar os serviços de urgência hospitalar neste fim de semana, aceda ao portal oficial do SNS.


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