Pena que haverá sempre uma a menos entre elas. Pois uma delas partiu, em despedida incompreendida por todos, exatamente aquela que queria que eu empunhasse a lança da redenção para enfrentar o dragão da maldade, na luta decisiva.
Todas elas me encantam, as -- quem sabe – cem mulheres da Globo News. Todas me deixam hipnotizado na poltrona da sala por horas e dias, alimentando a esperança da esperança.
Ao mesmo tempo, me empurram para a rua, onde começo a gritar: Lutemos! Lutemos! Lutemos até à vitória da verdade! E eu fico sonhador, a comandar multidões fictícias no cerco definitivo da injustiça e da inglória.
É por isso que não posso viver sem as mulheres da Globo News, como Manuel Bandeira não podia viver sem as mulheres do sabonete Araxá.
“Toda a minha juventude, guardada a sete chaves, e até minha velhice pelas mulheres da Globo News!”
Serão celibatárias, casadas, divorciadas, amigadas, apegadas, desapegadas, noivas, namoradas, desencantadas, felizes, infelizes, as mulheres da Globo News?
Também não importa. Eu as quero como são, com todos os seus defeitos, entraves, impedimentos, obstáculos, eloquências, gagueiras, trejeitos, elegâncias, deselegâncias, verdades, mentiras, belezas e feiuras.
Quero a das 8 e a das 10h; ah, e a das 12, das 13, das 16, das 18h... Meu deus! Não posso dispensar nenhuma, nem mesmo trocá-las pelo prêmio da mega sena acumulada, senão eu morro antes do tempo.
Quero também as sem-horário, aquelas que aparecem de súbito, em qualquer lugar, mesmo nas altas horas da madrugada, coitadinhas.
E quero as de Paris, assim como as de Nova York, de Londres, de Roma, de Madri e de Genebra...
E as de tantas outras cidades por aí, que aparecem tão pouco na tela, que eu até sinto pena; até confesso que ainda não vi as de Shangai, mas suponho que sejam tão desejáveis quanto as demais.
E as de Samarcanda, como serão, que eu também não conheço?
Vinde a mim, mulheres da Globo News, enchei-me de esperanças! Vinde a mim e livrai-me de todos os tiranos que me cercam, amém!
Vinde a mim, trazei-me a bandeira rasgada da liberdade!
Vinde a mim, ajudai-me a construir um reino de sabedoria e coerência! Sem ele o mundo se tornará escuro, escuro, negro como piche... a luz se extinguirá!
Trazei-me boas notícias, mulheres da Globo News, sempre boas notícias, mesmo em cima das más, principalmente nos próximos dias, para nos livrarmos de todo mal, amém!
Correi com vossas análises sutis e certeiras, que a tirania está ali de tocaia!
Faleis, declameis, griteis, exclameis, expliqueis, canteis, gaguejeis, mintais, contanto que não esqueçais jamais de proclamar a sentença final, vendo no fundo a grade de ferro para o rebanho dos malditos.
É por isso que eu vos amo, vos invoco, vos proclamo, vos suplico; e me deixo hipnotizar por vossas falas argutas, por vossas bocas eletrizantes, por vossas palavras ferinas, por vossas expressões que libertam, por vossos rostos que despertam o amor, por vossas respirações que massacram as dúvidas, por vossas certezas tão esperançosamente certas.
Será que as mulheres da Globo News salvarão a humanidade?
Serão as profetas do anti-apocalipse?
Ah, meu deus, são elas, sim, as profetas que nunca falham!
Toda a minha vida e até a minha morte pelas mulheres da Globo News!