Durante a sua intervenção inicial na audição pela comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, aue disse esta sociologica gaffe “ É um preconceito e é um insulto para milhares de portugueses a mera sugestão de que quem vive em contextos sociais duros e desafiantes tem maior probabilidade de infringir a lei e agredir outros cidadãos e elementos das forças de segurança”, acrescentou a ministra.
Na reslidade a sra esquece que “A DGPJ avança que os crimes contra o património representaram cerca de 51,0% do total (189.657 crimes)”
E vale citar o advogado Marcelo Campelo “Os crimes patrimoniais são mais do que meras infrações legais. Eles são um espelho da condição humana, refletindo desejos, falhas e, às vezes, desesperos. Para um advogado criminalista, o desafio não é apenas entender a letra da lei, mas também a alma e as circunstâncias que envolvem cada caso. Em cada história, em cada veredito, a busca é por justiça, equidade e, sempre que possível, redenção.
( https://www.migalhas.com.br/depeso/394548/crimes-patrimoniais-quais-sao-os-principais )
Ao contrario a sra ministra teima em negar qualquer ligação entre crime e condições sociais, e a ministra quis ainda deixar claro que tal sugestão seria “não acreditar no funcionamento do elevador social” e recordou “os tempos” em que o número de pessoas em “contextos e condições sociais complexas” era superior e o número de crimes era menor.
A propria ministra da Administração Interna ao avançar números sobre a violência sobre as forças policiais e ao garantir que “todos os dias são violentamente agredidos, em média, pelo menos três elementos das forças de segurança. Desses, dois precisam de assistência hospitalar", so se esqueceu de dizer onde e em que circunstâncias tal aconteceu!
Em Cascais classe alta!
E vale citar um texto que a sra ministra deveria viver, “Prisões em Portugal: condições desumanas e criminalização da pobreza
Nuno Castro
Ao mesmo tempo, os crimes realmente violentos (violência doméstica, violação, homicídio, etc) compõem perto de 30% das condenações — no entanto mais de 80% das penas têm uma duração de mais de 3 anos. A aplicação de penas brutais para a pequena criminalidade é a regra. O caso de Danijoy não foi exceção. A totalidade da sua pena teria sido 7 anos no sistema prisional por roubo de telemóveis, ou seja, à data da sua saída prevista, seria um jovem de 23 anos que teria passado 1⁄4 da sua vida encarcerado por um pequeno crime não-violento. Aos 7 anos de encarceramento é preciso ainda acrescentar as condições desumanas a que os presos estão sujeitos.”
Perto de metade dos reclusos em Portugal exercem algum tipo de trabalho, quer para a indústria privada quer para o Estado. Produção de azeite, mobiliário, tapetes, vinho, manutenção de máquinas e do parque automóvel dos estabelecimentos prisionais… a força de trabalho da população prisional é espremida por um salário de miséria. A melhor remuneração que se consegue encontrar na cadeia é de 5 euros por dia, pagos pelo Estado! Ou seja, ao fim de um mês de trabalho com 8 horas diárias o recluso acumulou 150 euros! E isto no melhor caso. Há reclusos a receber uns míseros 60 euros por um mês de trabalho!
População nacional ou imigrante, racializada ou não, a realidade é esta: a classe dominante não pode ignorar a população que é empurrada para a pobreza. Esta população é material explosivo que o Estado procura gerir e, acima de tudo, desorganizar. Isto é feito de várias formas, e os instrumentos mais importantes para manter a “ordem” são os órgãos repressivos, ou seja, as polícias, os tribunais e, por fim, as prisões onde são colocados os pobres em condições abjetas.”
O problema da criminalidade está na verdade na população pobre que se confronta com esta sociedade de consumismo influenciado pelo marketing global e que tem o direito de encontrar o acesso a esses bens e serviços.