A exposição, organizada pelo Município de Mafra, a Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra (RVISSM) e o Palácio Nacional de Mafra, destaca-se pela sua abrangência e pela qualidade das peças exibidas. A historiadora de arte Teresa Leonor Vale, comissária científica da exposição, sublinha a importância da RVISSM como fio condutor da mostra.
"A RVISSM, integrada no contexto das outras irmandades de Mafra, constitui-se como principal herdeira, enquanto entidade detentora de uma história ímpar, tutela de um património artístico de relevo e, sobretudo, enquanto fiel depositária de uma vivência religiosa, expressão de manifestações de devoção centenárias que tecem entre a Irmandade e a comunidade uma malha indissociável e indelével", afirma.
Entre os tesouros expostos, muitos podem ser vistos apenas em contexto funcional, durante usos processionais ou litúrgicos, enquanto outros permaneciam até agora inacessíveis ao público. No núcleo de prataria e ourivesaria, destacam-se peças como a cruz processional medieval de Santo André de Mafra, a urna de prata usada em Quinta-feira Santa, uma cruz com a relíquia do Santo Lenho oferecida pelo rei José I e o sol do Apocalipse, uma peça única a nível nacional.
A secção de têxteis inclui a camisa da sagração de Luís XV de França, usada cerimonialmente na escultura de São Luís, bem como paramentos do reinado de João V, utilizados nas celebrações litúrgicas na Real Basílica de Mafra. Nas esculturas, sobressaem a grande cruz de Penitência da Ordem Terceira oferecida por João V e o andor do "Monte Alverne", com a representação de São Francisco recebendo os estigmas frente à aparição de Cristo crucificado, obra do genovês Anton Maria Maragliano.
Pinturas de oficinas italianas e um conjunto iconográfico restaurado de santos devocionais franciscanos, do segundo quartel do século XVIII, enriquecem ainda mais a exposição. A mostra inclui também a coroa e o vestido bordado a ouro usados na cerimónia da coroação pontifícia da imagem de Nossa Senhora da Soledade, que teve lugar em setembro de 2023.
Esta exposição não só celebra o quinto aniversário da inscrição do Palácio de Mafra no património mundial da UNESCO, como também proporciona uma oportunidade única de mergulhar na história e na arte que definem este monumento.
A entrada é livre, convidando todos os interessados a explorar e apreciar o património que tem moldado a identidade cultural de Mafra ao longo dos séculos.