Quando a realidade começava a aparecer-nos de cabeça no chão... e pernas para o ar...a ...«esbracejar» (???)...É isso mesmo! O liberalismo até na linguagem está a chegar a um ponto em que vai mesmo ter que ser travado.

E se vamos atrás de mais um «vale tudo» como impôr na Assembleia da República portuguesa a mesma linguagem e o modo de argumentação que utilizamos no facebook, no snack bar, ou no futebol, aí vai ser necessário voltarmos à ditadura de um  português qualquer que, paternalmente, em jeito de Missa à moda do Cerejeira...ou mesmo do António Ferreira Gomes face ao Padre da Lixa... é capaz de arranjar uma boleia para chegar ao Céu e  dizer ao Deus católico que não pode permitir mais Franciscos  pois este era comunista e andava a trair as «nossas ideias». 

Para não perder mais tempo, o filme que nos revolucionou a cabeça foi o do Ettore Scolla e o seu título era «Feios, porcos e maus». E para que haja precisão nas coisas, tal filme e tal autor, tinham a ver com o mundo comunista e com a realidade. Ora fui buscar este exemplo, para questionar vários opinion makers. Uns, externamente, andam a defender (a) que «é absurdo a Rússia andar a pedir (!!!?) as quatro regiões da Ukrânia»; e (b) que as conversações iniciadas entre Ukrânia e Rússia não têm a presença dos principais interessados; e outros, internamente,  como é o caso do papel da ILDA  (IL mais AD) e do ISIDRO (o senhor general mais sapiente do mundo...), que acham que atropelar princípios e valores em tempo de mercado mercantilista, entendam de vez que o «jogo» de meias verdades, o «jogo» de silêncios, ou o aproveitamento de ideias alheias para reverter tudo a seu favor, pode ser forma de «jogar» em todos os campos. Parecem simples jogadores de futebol a entrar e sair do rectângulo de jogo a solicitar ao altíssimo uma compensação exterior às suas competências. Mas uns/ umas  e outros/outras não têm legitimidade nem sequer andam atrás da legalidade. Não são oportunos na acção, são oportunistas. Porquê? Por aceitarem como positivo - - o que está certo -  Donald Trump afirmar que «temos de olhar para os dois lados» no conflito do mèdio Oriente, e depois, na questão ukraniana, em vez de aceitarem quem conquista militarmente um terreno por norma cede o que quer ou fica com o território conquistado se quizer, tomam partido antes de analisar seja o que fôr. O que pode dizer-se? (a) Que até parece o Poder Militar português que tendo vencido uma guerra militarmente, ofereceu de bandeja o território ao seu inimigo; (b) Que até parece que estamos numa nova era, após uma transição de três decénios, onde querem substituir a todos os níveis  os resultados do confronto militar pela cobardia das sanções económicas dos mais fortes aos mais fracos, como é o caso de Cuba; e (c) Que até parece o caso da direita liberal - democrática formal  em Portugal e respectivos jornalistas acoplados, que reza a todos os santinhos e argumenta sempre que a extrema direita formal que saiu das suas fileiras se mantenha viva para poder governar.

Se este lote de intervenientes na prática política quotidiana passa a mandar nesta terra ao nível dos poderes institucionais, para mim vai significar aquilo que para muitos comunistas, socialistas, e sociais democratas verdadeiros, significou o filme «Feios, Porcos e Maus». Um choque entre as ideias e uma maneira de contar a realidade. Para mim, é mesmo uma questão de colocar todos os pontos nos iis. Para mim, a ILDA e o ISIDRO já não precisam disso. Assim ,é preciso colocar com toda a força os acentos em sítios certos para com maior precisão se compreender o «fosso» entre a retórica e o mundo real. Para melhor podermos decidir.. Eugénio Monteiro Ferreira.16 Maio 2025.