(Texto escrito em 2019 e adaptado)



Chile, 1973 



Entre 12 e 13 de setembro de 1973 soubemos,  na cela da prisão de Caxias (onde estava preso com mais camaradas), do golpe fascista no Chile, que até então era apresentado como o exemplo de um país governado à Esquerda!



Ficou um ambiente difícil na cela  e eu senti um arrepio ao imaginar o que seria um golpe fascista já que ao fim de 48 anos as ditaduras “aburguesam-se”, enfim amolecem e disso soube a nossa geração ja nas cadeias em conversas com mais velhos que lá fomos conhecendo ouvindo as suas historias e as mudanças havidas em Caxias com a visita de Bertrand Russell às prisões políticas.



Hoje 2019, 46 anos depois, em tempo de esquecimento do golpe fascista do Chile podemos ler um novo relatório oficial sobre a ditadura de Augusto Pinochet, o terceiro em 20 anos de democracia, que eleva para mais de 40 mil as vítimas desse regime, entre elas 3.225 mortos ou desaparecidos sabendo-se que quase todas as mulheres que foram torturadas no Chiledesde o golpe de Estado de 11 de setembro 1973, há 46 anos, sofreram também violência sexual, sem distinção de idade.



Assim, no mínimo 316 mulheres foram estupradas, incluindo 11 que estavam grávidas visivel no total das vítimas que depuseram entre 2003 e 2004 na Comissão Nacional sobre a Prisão Política e Tortura, a famosa Comissão Valech, onde 12,5% eram mulheres, 3.399 e dessas 229 esperavam um filho, e algumas o perderam, e outras deram à luz após serem estupradas por seus torturadores, com muitas a passarem por intrincadas e recorrentes atos de tortura sexual, que incluíam agressões físicas e humilhações diante de pais e irmãos.



O documento desta quinta-feira da Comissão Valech, que atualiza outro relatório feito em 2004, aumentando em 9.800 as novas vítimas de torturas e prisão política, que se somam às 27.255 reportadas inicialmente, e 30 novos casos de desaparecidos e executados, que se acrescentam aos 3.195 certificados oficialmente até agora.



Desta forma, o total de vítimas oficiais entre executados, desaparecidos e torturados durante os 17 anos que durou a ditadura de Pinochet (1973-1990) subiu para 40.280, apesar de entre os grupos de vítimas se estimar que a cifra possa superar os 100.000.



Foi um golpe que logo desde Agosto 1973, se viu a Marinha e a Força Aérea prepararem um golpe de estado contra o governo de Allende, eleito democraticamente e lideradas pelo vice-almirante José Toribio Merinoe o general Gustavo Leigh, valendo a 21 de agosto, ver o general legalista e constitucionalista Carlos Prats ser forçado a renunciar ao posto de Comandante em Chefe, pressionado por manifestações das esposas de generais sediciosos sendo por tal que assumiu este cargoAugusto Pinochetno dia 23, até então considerado um general leal à constituição e apolítico.



A 22 de agosto, mostrando como não estava a acompanhar o ambiente militar,a Câmara de Deputados, que se recusaraa aprovar o estado de sítiosolicitado por Salvador Allende, a conselho de Carlos Prats, em 2 de junho, e decidiu aprovar uma moção em que se convocava os ministros militares para solucionar o que chamava de “o grave quebramento da ordem constitucional”.



Altamirano é advertido de um possível golpe de estadopor parte da Marinha, e faz um discurso incendiário, dizendo que o Chiles e converterá em um “segundo Vietnam heroico”, enquanto se inicia um processo de desaforo contra Altamirano.



Entretanto a 7 de setembro, Pinochet é convencido por Leigh e Merino, e une-se aos oficiais golpistas, enquanto que entre os Carabineros, apenas César Mendoza, um general de baixa antiguidade, estava a favor do golpe.



No dia 10 de setembro, a esquadra chilena zarpou, como estava previsto, a pretexto de participar dos exercícios UNITAS, um tradicional exercício naval entre as marinhas dos Estados Unidos e marinhas latinoamericanas e o exército é aquartelado para evitar possíveis distúrbios no dia do processo de Altamirano mas a armada chilena regressou a Valparaíso na manhã de 11 de setembro e tomou rapidamente a cidade de assalto, enquanto os vasos de guerra dos Estados Unidos ficaram de prontidão, no limite das águas territoriais chilenas sabendo-se que se tivesse havido resistência armada ao golpe de estado, o plano previa que os marines invadiriam o Chile, para “preservar a vida de cidadãos norte-americanos” e com um avião WB-575 – um centro de telecomunicações – da força área norteamericana, pilotado por militares norteamericanos, sobrevoava o Chile.



Aliás 33 caças e aviões de observação da força aérea norte-americana aterravam na base aérea de Mendonza, na fronteira da Argentinacom o Chile.



Allende foi alertado cerca das 7 da manhã e dirigiu-se ao La Moneda, tratando de localizar Leigh e Pinochet, o que foi impossível e o fez pensar que Pinochet estivesse preso.



O general Sepúlveda, diretor dos Carabineros, assinalou-o que se manteriam fiéis, mas Mendoza assumiu como Diretor Geral. Por outro lado, Pinochet chegou ao Comando de Comunicações do Exército e começou a participar ativamente do golpe. 



Às 8h42, as rádios Mineria e Agricultura transmitiram a primeira mensagem da Junta Militar, dirigida por Pinochet, Leigh, Mendoza e Merino, solicitando a Allende a entrega imediata de seu cargo e a evacuação imediata de La Moneda, ou seria atacado por tropas de ar e terra.



Allende decide continuar no Palácio, enquanto às 9h55 chegam os primeiros tanques ao Bairro Cívico, enfrentando-se com franco-atiradores leais ao governo e a central sindical CUT apela à resistência nos bairros industriais, enquanto o Presidente decide dar a locução que segue, a sua ultima,



“Colocado em uma transição histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E os digo que tenho a certeza de que a semente que entregaremos à consciência de milhares e milhares de chilenos não poderá ser cegada definitivamente. Trabalhadores de minha Pátria! Tenho fé no Chile e em seu destino. Superarão outros homens nesse momento cinza e amargo onde a traição pretende se impor. Sigam vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.”



Mas o fogo entre os tanques e os membros do GAP inicia-se e, às 11h52, aviões Hawker Haunterda Força Aérea Chilena bombardeiam o Palácio de La Moneda e a residência de Allende, na Avenida Tomás Moro o Palácio começa a se incendiar, mas Allende e seus partidários recusam render-se. E pelas 2 horas da tarde, as portas são derrubadas e o Palácio é tomado pelo exército. Allende ordena a evacuação, mas se mantém no Palácio e o testemunho de seu médico pessoal, diz que Allende disparou com uma metralhadora contra seu queixo, cometendo suicídio como a autópsia feita em 1990 e que confirmaria esse testemunho.



Às 18 horas, os líderes do pronunciamento se reúnem na Escola Militar, assumindo como membros da Junta Militar que governarão o país, e decretam o “estado de guerra”, incluindo estado de sítio.



O filme Santiago, Itália, que esta quarta-feira tem a sua antestreia no Porto, no Cinema Trindade, 19h e em Lisboa, Cinema Ideal, 21h30, assinala os 46 anos do golpe de estado que depôs Salvador Allende e impôs Augusto Pinochet, leva Nanni Moretti seu realizador a olhar para esse acontecimento a partir do papel de porto de abrigo que a Itália, através da sua embaixada em Santiago, desempenhou para muita gente que fugia da perseguição da Junta Militar garantindo o realizador que o espectador nao pode ouvindo vítimas e torturadores, é “ser imparcial”.



Neste golpe e sua sequência 316 foram estupradas, incluindo 11 que estavam grávidas e vale recordar que do total das vítimas que depuseram entre 2003 e 2004 na Comissão Nacional sobre a Prisão Política e Tortura, 12,5% eram mulheres, 3.399, delas 229 esperavam um filho, e algumas o perderam; outras deram à luz após serem estupradas por seus torturadores, e muitas passaram por intrincadas e recorrentes tortura sexuais que incluíam agressões físicas e humilhações diante de pais e irmãos e “de acordo com os depoimentos, as violações hétero e homossexuais foram cometidas de maneira individual ou coletiva. Em alguns casos foi denunciado, além disso, que esse estupro ocorreu diante de familiares, como um recurso para obrigá-los a falar”, aponta o relatório da comissão, de 15 anos atrás, recordado agora no livro Así se Torturó en Chile (1973-1990), do jornalista Daniel Hopenhayn, que reúne os principais trechos do documento e explica os antecedentes históricos da tortura praticada no Chile durante os 17 anos da ditadura de Augusto Pinochet.



“A violência sexual contra as mulheres foi furiosa, desequilibrada”, afirma Hopenhayn. “Há cenas simplesmente inexplicáveis, que transbordam nossa imaginação sobre a condição humana”, acrescenta o jornalista, que considera que o Relatório Valech, como ficou conhecido o texto redigido pelo bispo Sergio Valech, que presidiu a comissão, “é um documento histórico extraordinário, que além disso está muito bem escrito”. “Mas sua própria exaustividade – tem mais de 500 páginas – limitou seu universo de leitores, relegando-o a um status de catatau institucional”. 



Os membros das Forças Armadas e agentes secretos da ditadura de Pinochet agiam sem qualquer sentido de humanidade com uma jovem estudante de 14 anos, detida em 1973 na região de Maule (sul), a ser obrigada a fazer sexo oral em três militares. “Não sei quem foram ou como eram, porque estavam encapuzados. Só sei é que minha vida nunca voltará a ser como antes”, diz o depoimento dela reproduzido no livro, e uma jovem de 16 viveu o inferno num recinto da Direção de Inteligência Nacional, DINA, que funcionou entre 1974 e 1977: “Fui estuprada, punham-me correntes, me queimaram com cigarros, me davam chupões, puseram ratos (…). Me amarraram a uma maca onde cães adestrados me estupraram”. 



No Relatório Valech, mulheres que foram estupradas contam que ficaram grávidas com muitas delas a abortarem de maneira espontânea ou provocada e outras que tiveram esses filhos entre drsna emocional podendo -se relatar esta jovem chilena de 29 anos, filha de uma detida de 15 anos que foi estuprada por seu torturador que denunciou”Eu represento a prova explícita, represento a dor  mais forte que minha mamãe viveu em sua vida…Sinto que nós, crianças nascidas como eu, fomos tão prisioneiras e torturadas como as que estiveram presas.”



As vítimas de violência sexual —a maioria mulheres, mas também homens— tiveram que enfrentar consequências emocionais e físicas impossíveis de apagar.



Para o jornalista Hopenhayn, “quando você encara estes relatos, percebe que uma sociedade não pode saber que torturou se não souber como torturou”. “Não se trata de pensar duas vezes antes de voltar a torturar, porque então acabará torturando. Trata-se de abominar isso só de pensar”. 



EUA, 2001, 



Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, isto éa série de ataques suicidascontra os Estados Unidos coordenados pela organização fundamentalista islâmicaal-Qaeda, foram e são ainda o trauma central americano depois de Pearl Harbour posto em andamento na manhã daquele dia, por dezenove terroristas que sequestraram quatro aviões comerciais de passageiros fizeram colidir dois dos aviões contra as Torres Gêmeas do complexo empresarial do World Trade Center, na cidade de Nova Iorque, matando todos a bordo e muitas das pessoas que trabalhavam nos edifícios com ambos prédios a desmoronarem após os impactos, destruindo edifícios vizinhos e causando danos terriveis



Um terceiro avião de passageiros foi direccionado para o Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no Condado de Arlington, Virgínia, nos arredores de Washington, D.Ce um quarto avião caiu em um campo aberto próximo de Shanksville, na Pensilvânia, porque alguns dos seus passageiros e tripulantes tentaram retomar o controle da aeronave dos sequestradores, que a tinham reencaminhado na direção da capital norte-americana.



Não houve sobreviventes em qualquer um dos voos.



Quase três mil pessoas morreram durante os ataques, incluindo os 227 civis e os 19 sequestradores a bordo dos aviões e hoje estima-se terem havido cerca de 20 mil pessoas que morreram em consequencia dos impatos ambientais dos ataques



A esmagadora maioria das vítimas eram civis, e afetaram cidadãos de mais de 70 países.



O governo dos EUA aprovaram o USA PATRIOT Act como outros países que também reforçaram a sua legislação antiterrorismo e ampliaram os poderes de aplicação da lei sendo importante recordar o desaparecimento de bilhões de dólares em escritórios destruídos e que causaram sérios danos à economia de Lower Manhattan, em Nova Iorque.



Os danos no Pentágono foram reparados em um ano, e o Memorial do Pentágonofoi construído ao lado do prédio a reconstrução foi iniciada no local do World Trade Center e em 2006, uma nova torre de escritórios foi concluída no local, o World Trade Center 7. A torre One World Trade Center, construída no local, é um dos arranha-céus mais altos da América do Norte, com 541 metros de altura e o Memorial Nacional do Voo 93começou a ser construído 8 de novembro de 2009 e a primeira fase de construção foi concluída no 10º aniversário dos atentados de 11 de setembro, em 2011



Os ataques suicidas contra os Estados Unidos foram perpetrados pelo grupo radical Al-Qaeda e mataram como ja se disse quase três mil pessoas: 246 nos quatro aviões que embateram nos edifícios, 2606 na cidade de Nova Iorque e 125 no Pentágono com todas as mortes ocorridas foram de civis, excepto a de 55 militares que se encontravam no Pentágono.



E claro entre as pessoas que morreram estavam cinco portugueses uns que trabalhavam nas Torres Gémeas, outros estavam “no sítio errado à hora errada”.



João Aguiar Costa, na altura com 30 anos de idade, “era há duas semanas vice-presidente da empresa de corretagem e gestão de património onde trabalhava, que funcionava no 87.º andar da torre sul [do World Trade Center, em Nova Iorque]”, escreveu a Lusa em 2011 e segundo a Lusa João Aguiar Costa telefonou à namorada assim que se deu o primeiro embate e mandou todos os seus colegas sair e quando se preparava para abandonar o local, decidiu voltar atrás para ajudar os trabalhadores de uma outra empresa daquele andar tendo sido nessa altura que o segundo avião chocou contra a torre.



Também o engenheiro electrónico na Autoridade Marítima, Carlos da Costa, de 41 anos, morreu a atentar ajudar outras pessoas a fugirem das torres. “Após o primeiro impacto, segundo recordou a supervisora de Carlos da Costa na altura dos acontecimentos, o português foi visto a descer as escadas mas depois percebeu que havia pessoas presas dentro do elevador e com dois colegas tentou retirá-las. Não se sabe se conseguiram”, escreveu a Lusa.



António José Carrusca Rodrigues, de 36 anos, também trabalhava na Autoridade Marítima e logo que soube o que se estava a passar decidiu ir a correr para o local dos ataques e foi aos pisos subterrâneos buscar máscaras e garrafas de oxigénio para ajudar as pessoas que ali se encontravam tendo sido no momento em que começou a descer, que caiu uma torre.



O decorador de interiores Manuel da Mota dirigiu-se para o World Trade Center para uma reunião de trabalho e segundo  as declarações de um colega de trabalho à Lusa, dois minutos depois de Manuel ter chegado ao local, o primeiro avião despenhou-se.



Também António Augusto Tomé Rocha, 34 anos, trabalhava no World Trade Center, na empresa na Cantor Fitzgerald Securities, que ocupava os pisos 101, 103, 104 e 105 da torre norte, a primeira a ser atingida, “Um avião bateu contra o World Trade Center, há fogo, muito fumo, mas não te assustes…” foram as últimas palavras que António disse à sua mulher Marilyn, assim que o avião chocou com o prédio.



E assim morrem inocentes numa cobarde pseudo guerra deste bando terrorista ja quase desarticulado mas deixando fragilidades nos sistemas democráticos impreparados para estas cobardias e mostrando que os totalitarios na realidade agem sempre em logica de Odio ao Outro Ser Humano ! 



Claro que há muito por esclarecer neste ato onde se sabe que parte da família Bin Laden estava nos EUA e de lá saiu sob proteção do Estado americano e também que serviu para gerar um ambiente quase totalitário ao serviço das petrolíferas globais e que gerou somente guerra e morte no Médio Oriente 



Protesto contra a tortura de mulheres no Chile