1) Alargamento ou Adiamento

A tentativa de alargamento da UE e da NATO à Ucrânia provocou uma guerra que se prolonga já há três anos e que tem tido consequências profundas quer no desabar do modelo económico alemão e francês, e na estagnação em que se encontram estes países-motores, quer no aprofundamento da dependência da EU face aos Estados Unidos e no fim do sonho de independência estratégica da EU.

 

Mas no horizonte perfilam-se adesões igualmente problemáticas. Os países em espera para adesão próxima incluem a Albânia, a Bósnia-Herzegovina, a Geórgia, a Moldávia, o Montenegro, a Macedónia do Norte, a Sérvia, a Turquia e a Ucrânia. Alguns são países cuja adesão pode fazer eclodir novas guerras. Desde logo a Moldávia e a Geórgia, ambas com fortes minorias russas ou pró-russas que não aceitam a adesão. Outras são de países desavindo em guerras recentes como a Albânia, a Sérvia em luta pelo Kosovo. Outras ainda são países recentemente em guerra civil como a Bósnia-Herzegovina.

Com a adesão destes países, escalonada ou em grupo vai importar para o seu seio a conflitualidade entre estes estados e promover o risco de novas confrontações militares com a Rússia, desta vez de forma direta. Tal confronto vai prolongar a crise económica franco-alemã e alargar ainda mais a dependência dos EUA, quer económica, quer militar.

Por outro lado, trata-se de um conjunto de países de baixos rendimentos que vai implicar um nível de investimento dos fundos públicos europeus de grande escala. Com a integração na EU e a salvaguarda que representa, os baixos salários desses países serão um poderoso imane para o investimento direto estrangeiro.

O alargamento será desastroso para o nosso país por diversas razões. Desde logo pelo desviar do investimento europeu para Leste, por outro pela desvalorização geopolítica e geoeconómica do país com o foco da EU a virar-se cada vez mais para Leste e para a Ásia. Nesse sentido este conjunto de adesões agrava a posição periférica portuguesa com todas as consequências negativas que daí advêm.

Mas também pelo diminuir do peso político do nosso país, quer em termos de representação política (proporcional ao peso populacional) nas instâncias da UE, quer em termos de peso económico para o PIB da União. Acresce que com o número de Estados a aumentar a pressão para uma reforma da Constituição política europeia, com diminuição do poder dos pequenos e médios Estados e reforço dos grandes é inevitável e irresistível. Neste capítulo Portugal resvala cada vez mais para a irrelevância.

Com o foco da EU, e das suas principais potências, no Leste europeu e no ocidente asiático, Portugal vê-se privado de países aliados e tenderá a tornar-se cada vez mais um apêndice de Espanha.

Em suma os alargamentos previstos não só não trazem qualquer benefício ao nosso país como serão altamente prejudiciais para a nossa economia e para a nossa afirmação política no seio da União Europeia.

Jorge Fonseca de Almeida

Economista, MBA