A construção de soluções económicas sustentáveis, tanto em África como na diáspora afrodescendente, permanece uma tarefa monumental.

Segundo o empresário afrodescendente Osvaldo Gomes, os entraves ao progresso económico estão enraizados em séculos de opressão e desestruturação social. Estes desafios estruturais resultam de um legado histórico de escravatura, colonização e discriminação, que moldaram profundamente a visão colectiva sobre economia e sobrevivência.

 Durante mais de 500 anos, o povo africano foi forçado a adaptar-se a sistemas que não promoviam a sua autonomia. Com o fim da escravatura, muitos africanos e afrodescendentes enfrentaram novas barreiras: a inserção em estruturas económicas dominadas por outras culturas e modelos de desenvolvimento alheios às suas realidades. Esta adaptação rápida e forçada tornou-se, paradoxalmente, uma vantagem em contextos de sobrevivência, mas gerou também um défice na coesão organizacional e no fortalecimento de projectos económicos próprios.

Fragmentação de Objectivos e Cooperação como Obstáculos

Um dos maiores problemas apontados é a ausência de uma visão comum e a fragmentação de objectivos entre diferentes comunidades africanas e da diáspora. Enquanto alguns indivíduos e organizações lutam contra a discriminação, outros centram-se no desenvolvimento económico local ou no apoio social aos mais vulneráveis. Esta dispersão de esforços leva frequentemente à perda de impacto e perpetua uma dependência de ajudas externas, enfraquecendo a capacidade de autosuficiência económica.

A falta de solidariedade e de uma estrutura de cooperação organizada entre as comunidades limita o progresso. “A sustentabilidade económica não se constrói no isolamento”, afirma Gomes. Ele defende que, sem uma estratégia integrada de desenvolvimento baseada na identidade, na partilha de conhecimentos e na valorização dos recursos locais, a possibilidade de criar riqueza sustentável será sempre reduzida.

Um Apelo ao Futuro: Unidade e Sustentabilidade

Para inverter este cenário, é essencial o fortalecimento de redes de colaboração entre as diferentes comunidades africanas e afrodescendentes, promovendo um modelo económico que respeite as tradições e a cultura local. Iniciativas de empreendedorismo social, educação financeira e inovação tecnológica podem ser pilares fundamentais para este processo. Além disso, é necessário repensar as políticas públicas, incentivando a criação de estruturas que apoiem o desenvolvimento económico autónomo.

Em última análise, Osvaldo Gomes deixa uma mensagem clara: a sustentabilidade económica não é apenas uma questão de recursos financeiros, mas de mentalidade, união e visão de futuro. O caminho pode ser longo, mas está ao alcance de todos aqueles que, juntos, se propuserem a transformar desafios históricos em oportunidades de crescimento colectivo.

Nota do Editor

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