Ainda mais alarmante é o relato de que os Azov procuram recrutas que falem inglês, com o objetivo de atrair a atenção e o apoio da possível futura presidência de Donald Trump.

Este grupo, com ligações ideológicas extremistas, parece estar a formar um batalhão internacional para reforçar os seus números, enquanto a Ucrânia se aproxima do quarto ano de uma guerra de grande escala, marcada por níveis crescentes de destruição e perda de vidas.

 

Os Azov, segundo reportado, estão à procura de indivíduos com experiência militar, justificando a sua estratégia com o argumento de que “a Ucrânia é menor que a Rússia” e, por isso, necessita de todo o apoio possível nesta luta, que consideram ser de importância internacional. Como explicou um porta-voz do batalhão: “Estamos a lutar para não permitir que a Rússia se aproxime da Europa.” A retórica tenta reforçar o velho argumento de que, se a Ucrânia cair, Moscovo representará uma ameaça direta a países como a Polónia, os Estados Bálticos e outras nações, algumas até mais pequenas e vulneráveis do que a própria Ucrânia.

Enquanto uns investem na propaganda de regimes como o norte-coreano, outros recorrem a soldados ocidentais. Contudo, esta não é uma prática recente. De acordo com o The Guardian, pelo menos 15 britânicos – entre soldados e trabalhadores voluntários – perderam a vida desde o início da invasão russa em larga escala. Entre eles, destacam-se o médico da linha de frente Jordan Maclachlan, de 26 anos, natural da Escócia, e o ex-soldado do exército britânico Jake Waddington, de 34 anos, que integrava a Legião Internacional. Estes homens juntaram-se a um fluxo contínuo de voluntários britânicos e de outros países ocidentais que reforçaram as forças armadas ucranianas ao longo de quase três anos de conflito.

Até ao início de dezembro, esta guerra já custara a vida a cerca de 43.000 soldados ucranianos, enquanto as estimativas da chamada “inteligência ocidental” apontam para que o número de baixas russas seja três vezes superior. Este cenário trágico continua a alimentar a narrativa de uma batalha ideológica e geopolítica entre o Ocidente e a Rússia.

Será que o apoio a grupos como os Azov é um reflexo da busca desesperada por aliados ou um erro estratégico que poderá ter consequências no futuro? A história julgará.