Entretanto e em consequência do maio68, das lutas estudantis contra a guerra do Vietnam nos EUA, cresce, na geração 69/70, bloqueada que foi no seu direito à expressao nas eleições de 1969 pelo fascismo caetanista, uma perceção de um direito de pôr fim à guerra de um dever até de a combater!
É esse seu combate que a torna incomoda por se desenvolver de fora dos canais tradicionais!
Incomodas porque feitas por gentes revoltadas com uma interminável guerra colonial que se mantinha e onde se ia morrendo enquanto as elites se festejavam e citamos “"Pessoas do regime que tinham pedido autorização a Salazar saem do círculo do regime para ir à festa e depois vão diretamente de lá para a Cruz Vermelha, por terem entretanto sido avisadas do que se estava a passar. O Francisco Pinto Balsemão vai para casa e depois segue para o Popular para preparar a cobertura da cirurgia. Tudo isto tem um epílogo na mesma altura, quando amanhece e a Emissora Nacional dá a notícia sobre o Salazar. Foi o momento em que os portugueses tiveram pela primeira consciência dos seus problemas de saúde. Nessa altura estão os últimos convidados a sair da Quinta Patiño. A festa acabou, houve o pequeno-almoço, algumas pessoas ainda tomaram banho na piscina".”( in Expresso)
Na verdade, nao basta recordar o MFA, ou a luta anti salazarista dos Republicanos, ou a luta anti fascista do PCP!
Sem grandes preocupações quanto a pôr-se em bicos de pés, por isso deixaram correr os 50 anos de Abril, mas agora há que lembrar, nós andamos lá, nos combates de rua, de faculdades totalitárias e pouco científicas, de quartel, de cooperativas, de sindicatos até !
Lembremos um pouco mais dessa resistência ao fascismo e à guerra colonial dinamizada por uma geração que no turbilhão de abril se foi - a geração maoista, e desta, lembremos por ora a que se bateu num movimento estudantil que se agregava na sigla Por Uma Universidade Popular/Ensino Popular!
Havendo mais claro que sim!
Mais escreveremos claro mas comecemos por aqui!
Pelos presos politicos desta geração!
Aqui e ali, um civil lembra-se, en passant, de nós, os ex presos politicos anti fascistas e anti colonialistas como faz Gian Franco Ferraro… e acrescentamos os que vao alem dos do PCP, os que surgem sob a influência do Maio68 da luta contra a guerra do Vietname e da crise estudantil 69/69.
No geral, da classe politica, do PR ao membro da mais pequena assembleia de Freguesia, tudo passou ao lado, como se o combate ao fascismo no que a esta geraçao diz respeito como se o movimento estudantil tivesse sido vivido por fantasmas, alienigenas, robots. Hologramas… ( exceto os militantes do PCP…porque o PCP nao permitiu que se apagsse essa memoria!), alem de uma breve e insuficiente lembrança do assassinato de Ribeiro Santos, entao dirigente da FEML/MRPP, um combatente que nos honra diga-se!
Ao que consta, teremos sido 25000 os presos politicos em Portugal e eu digo, emendo, na parcela europeia do império português, porque ha que acrescentar bem mais, pois, gostem ou nao, os presos politicos das ex colonias portuguesas, ao tempo eram portugueses e foram presos, torturados e encarcerados, ( os que nao foram mortos), em prisoes à epoca portuguesas, por torturadores e carcereiros portugueses!
Esta lusa democracia passou um pano de cozinha sob esta parcela da Historia nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril e assim, nem hologramas hoje somos, os que integraram a lua antifascista ao derrube do colonialismo!
No entanto, o Estado portugues que passou impune de fascista de 48 anos a democrata com 50 anos, sem que surgisse sequer uma Comissão pela Memoria onde via a mesma, pudessemos, nós os ex presos politicos, sermos ressarcidos do vivido nas cadeias fascistas, do continente europeu e das ex colonias, aí está este Estado, orgulhoso de uma Democracia para a conquista da qual nada fez e, claro, para se limpar dos 48 anos, a anular os que contra eles lutaram!
Eu sei a razao pela qual conseguiram essa tão fácil vitória e vou-vos dizer - em nada ela honra os silenciadores!
Há a chantagem sobre os mais de 70% dos 25000, pelo menos, e o mesmo nas ex colonias, centrada no facto deles terem confirmado declarações de outros camaradas, ou terem traído até, os mesmos!
Uns por desilusão face às traições, outros claro por medo, outros por cansaço, outros por desistencia…
… e afirmamos aqui que nao poucos por determinação da organização onde militaram no pós 25 de abril, e por tal se reduziram a uma militancia no contexto da luta cultural ou socio economica porque “ o seu comportamento na pide” nao tinha correspondido ao não falar!
E desta forma , a larga maioria dos mais experientes na luta politica vindos dos combates anti coloniais e anti fascistas se dedicaram … ao silencio, nao poucas vezes exasperantemente, por assistirem a crassos erros de analise politica, de visao estrategica e tatica.
E a verem do seu ponto de vista, uma inconsequente visao estrategica e piores movimentações taticas, a par de doentios sectarismos a dar origem a um 25 de novembro e deste, a um crescente isolamento das Esquerdas que hoje afeta até o PS, e põe a direita maioritaria!
Nao se trata de “sermos os sábios” e sim de termos à época mais experiência e formação e que tal foi arrogantemente negligenciada ate porque acompanhada por, via dos sectarismos, divergências e cisões …
Que tambem nos vimos a alinhar diga-se…por solidariedades grupais!
Mas o que importa hoje é simplesmente mostrar que existimos entre n visoes do mundo e conviver entre historias antigas e os incertos dias de hoje e daí o jantar convivio que Pedro Ferraz de Abreu e Joffre Justino vos sugerem para janeiro/ fevereiro!
https://youtu.be/HLmiLWWEARk?si=MmZDIg148jZMaoHo