Portugal despede-se de uma das suas mais emblemáticas figuras políticas e culturais, Odete Santos, que faleceu aos 82 anos, deixando um legado de luta e resistência.

A sua partida foi anunciada pelo Partido Comunista Português, entidade que relembra a sua incansável luta enquanto “mulher de abril”, destacando o seu papel na defesa dos direitos dos trabalhadores e das mulheres.

A sua vida foi um autêntico mural de dedicação à causa pública. Como vereadora da Cultura na Câmara Municipal de Setúbal, desde os primórdios da democracia portuguesa, Odete Santos foi uma peça fundamental na construção cultural e política da região. A sua atuação na Assembleia Municipal de Setúbal, entre 1979 e 2009, e especialmente enquanto Presidente deste órgão autárquico, entre 2001 e 2009, destacou-se pelo compromisso com os ideais de justiça e igualdade.

Membro ativo do Partido Comunista Português, Odete integrou a Direcção de Organização Regional de Setúbal e o Comité Central, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento e na estratégia política do partido. A sua voz também ecoou nas assembleias, onde, como deputada, representou o PCP em nove legislaturas consecutivas, durante 27 anos, sempre fiel aos princípios de democracia e progresso social.

Não menos notável foi a sua paixão pelas artes. A sua veia artística revelou-se no teatro, onde interpretou clássicos de Gil Vicente, Edward Albee e Molière, entre outros, demonstrando que a cultura e a política andam de mãos dadas na construção de uma sociedade mais consciente e crítica.

A sua contribuição para a sociedade foi reconhecida ao mais alto nível, com a agraciação pelo Presidente Jorge Sampaio com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 1998. Este reconhecimento sublinha a magnitude da sua trajetória e o impacto da sua dedicação ao país.

Hoje, ao expressarmos nossos pêsames à família e ao Partido Comunista Português, recordamos Odete Santos não só pela sua obra política e cultural, mas também pelo seu exemplo de coragem e firmeza. A sua vida foi uma verdadeira inspiração, um chamado à ação e à esperança, relembrando-nos da importância de lutar incansavelmente por um mundo mais justo e equitativo. Odete Santos, a “mulher de abril”, permanecerá sempre como um símbolo de resistência e devoção ao serviço do povo.

Joffre Justino

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