“Não sei se devemos enviar 50 milhões de dólares em preservativos para
qualquer lugar, francamente. Não sei se é algo que entusiasme os estadunidenses. E já agora é muito dinheiro em preservativos. Se é para Moçambique e não para Gaza, não é tão mau, mas porque fazemos isso”, questionou Musk.
O Governo moçambicano afirmou em 7 de Fevereiro que a suspensão da ajuda internacional estadunidense compromete programas de saúde em Moçambique, com destaque para o VIH/Sida, e que estava em “diálogo” com a embaixada dos EUA para “mitigar os impactos”.
5“A retirada brusca desse apoio compromete, como podem imaginar de alguma forma, a eficiência na implementação desses programas (…) O apoio do
Governo americano financia uma parte considerável da provisão de
profissionais de saúde e sobretudo na área de assistência de HIV/SIDA”, disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Governo moçambicano e ministro da
Administração Estatal e Função Pública, durante uma conferência de imprensa, em Maputo.
Reconhecendo a “gravidade da medida” anunciada pelo Presidente estadunidense, o governante moçambicano garantiu contudo a continuidade de serviços essenciais de saúde, pedindo que a população não entre em pânico.
O governante disse que a suspensão do financiamento tem também implicações na aquisição e distribuição de medicamentos, e destacou a
importância do apoio para manter programas estratégicos e prioritários de saúde em Moçambique, como o combate, entre outras doenças, ao VIH/Sida e tuberculose.
“Quer o armazém central, como os regionais, vão sentir, para os próximos dias, alguma superlotação de medicamentos porque a logística de transporte
para estes meios até aos pontos aonde devem ser distribuídos [sofreu] uma ruptura”, detalhou o ministro, acrescentando que também se coloca em causa
o rácio de profissionais de saúde por habitantes.
Segundo o ministro, a OMS estabeleceu um rácio de 45 profissionais de saúde por cada 10 mil habitantes, mas
Moçambique tem pouco mais de 18 profissionais para cada 10 mil habitantes.
“Estamos muito distantes e esta suspensão de apoio naturalmente constitui um desafio enorme para alcançarmos esta meta”, referiu Inocêncio Impissa.
“O Governo iniciou um diálogo com a representação dos Estados Unidos da América para reverter ou mitigar o cenário da suspensão do financiamento,
mas também mobilizar fontes alternativas de financiamento”, acrescentou Inocêncio Impissa.
Avançou ainda que será necessário definir prioridades e optimizar os recursos existentes no país para minimizar o impacto da suspensão de financiamento
sobre os serviços essenciais.
“Precisamos definir prioridades do que é que efectivamente não deve fazer falta durante o período em que esta medida se mantiver, mas também explorar os mecanismos emergenciais de financiamento para garantir a continuidade dos serviços críticos até que uma solução durável e sustentável seja, de facto,
encontrada”, declarou o porta-voz do executivo moçambicano.
Nos primeiros dias do seu segundo mandato, Trump suspendeu toda a ajuda
internacional durante 90 dias, com excepção dos programas humanitários alimentares e da ajuda militar a Israel e ao Egipto.