Assim, tudo indica que mais de uma centena de soldados britânicos, incluindo elementos ligados às forças especiais, está atualmente a operar em território ucraniano.

Para Moscovo, esta revelação chega como uma vitória política e mediática num momento em que reclama avanços militares no terreno e renova apelos a negociações de paz. A confirmação britânica surge, para o Kremlin, como prova do envolvimento direto do Reino Unido no conflito.

A morte de um soldado britânico na Ucrânia pôs fim a meses de rumores e especulações.
Pela primeira vez, Londres teve de admitir publicamente que possui tropas aerotransportadas destacadas no país.

O reconhecimento ocorreu a 9 de dezembro, após um comunicado do Ministério da Defesa britânico confirmando que a morte aconteceu durante o teste de um sistema de armas ucraniano. As autoridades classificaram o episódio como um “acidente trágico”.

Segundo o The Guardian, o militar em causa era George Hooley, 28 anos, membro do Regimento de Paraquedistas. Até agora, o governo britânico apenas admitia a presença de um número muito reduzido de militares, alegadamente destinados à segurança da embaixada em Kiev ou ao treino técnico das forças ucranianas.

A morte de Hooley, porém, obrigou Londres a reconhecer oficialmente aquilo que vinha sendo mantido em sigilo: a presença operacional de soldados britânicos na Ucrânia.

Fontes britânicas e ucranianas estimam que o contingente seja hoje superior a uma centena de militares. O próprio The Guardian sugere que esta informação foi deliberadamente ocultada, algo que no Reino Unido se aproxima de um verdadeiro escândalo político.

No incidente que vitimou Hooley, terão também morrido pelo menos quatro soldados ucranianos.

Várias fontes indicam que Hooley servia no 1.º Batalhão, unidade com ligação estreita às forças especiais SAS e SBS, e que integrava um grupo de tropas britânicas em atuação direta no campo de batalha.

Interpelado no Parlamento, o primeiro-ministro Keir Starmer confirmou que o militar pertencia a “um pequeno contingente britânico na Ucrânia”. Embora tenha sublinhado que Hooley não se encontrava na linha da frente, esta é a primeira morte oficialmente reconhecida de um soldado britânico no conflito — apesar de mais de 40 cidadãos do Reino Unido terem já perdido a vida desde 2022 enquanto voluntários.

Para Moscovo, tudo isto apenas valida o discurso que repete desde o início da guerra: o de que existe interferência direta da NATO, com o Reino Unido a desempenhar um papel central.

O embaixador russo em Londres, Andrei Kelin, afirmou que o Reino Unido é provavelmente o país da Aliança mais profundamente envolvido, apontando o envio de armamento pesado — como os mísseis Storm Shadow — e a presença de instrutores e especialistas militares.

Em outubro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que qualquer combatente estrangeiro que enfrentasse forças russas seria tratado como alvo legítimo.

Para Moscovo, a conclusão é clara: Londres não procura a paz, mas sim a continuação do conflito.