Ao que está confirmado a subida do IUC para os automóveis velhos não pode ultrapassar anualmente os 25 euros.
Joffre Justino

Mesmo assim o presidente do grupo parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, teimou esta terça-feira, 24.10, à TSF, disse que não vê com bons olhos a proposta do Governo de aumento do Imposto Único de Circulação (IUC).

""As pessoas que têm automóveis com mais de 16 anos, na sua esmagadora maioria, são pessoas de rendimentos baixos que não trocam um automóvel por um menos poluente porque não têm dinheiro para o fazer"", diz o deputado Miranda Sarmento.

""O incentivo que o Governo dá para abate é 10 a 15% o valor de um automóvel novo. Ora, a maior parte das pessoas não tem 25 mil ou 30 mil euros para dar por um carro novo"", reitera.

Tudo porque há uma medida prevista na proposta do Governo Orçamento do Estado (OE) para 2024 que altera as regras de tributação, em sede de IUC, para os veículos da categoria A de matrícula anterior a 2007 e motociclos (categoria E), decidindo que estes deixem de ser tributados apenas com base na cilindrada (como sucede atualmente), passando a ser considerada a componente ambiental.

Claro que o sr Carlos, um dos mais antigos presidente de todos os lusos presidentes, da lucrativa ACP, teria de vir a terreiro defender o PSD como sempre faz e até esquecendo que a Lei de Bases do Ambiente foi uma boa iniciativa do PSD ( nunca devidamente regulamentada é verdade) e atacando uma ambiental medida !

Curiosamente, o sr Carlos da ACP esquece e nunca sobre tal disse uma palavra, ao que saibamos, que Portugal está na lista dos países onde é mais caro comprar um automóvel novo, como recordou um estudo do Deutsche Bank que compara o custo de vida em 42 diferentes países.

Apesar de o custo ter diminuído nos últimos anos, Portugal é o top 10 dos países onde é menos acessível comprar um carro.

Nesse estudo, o banco da Alemanha utiliza o custo para um carro de gama média, equivalente a um Volkswagen Golf sem extras sendo que em Portugal, o preço é de 28,45 mil dólares (25,5 mil euros), fazendo com que Portugal é o décimo país em que é menos acessível comprar carro.

Incluindo apenas países da zona euro, só na Holanda e na Finlândia os automóveis têm preços mais elevados que em Portugal.

Em Espanha, o preço de um Polo novo é, em média, de 23,5 mil dólares (21,1 mil euros), menos 4,4 mil euros que em Portugal e na Alemanha o preço para o mesmo veículo é de 21,5 mil dólares (19,3 mil euros).

Entre os países analisados pelo Deutsche Bank, o país mais barato para se comprar um carro é na Nigéria onde um carro de gama média novo custa 10,3 mil dólares (9,2 mil euros), o que mostra como as margens são brutais e têm de essas sim ser contestada !

Ora segundo o ECO.sapo em 2016, apenas 10,9% dos quilómetros viajados por terras lusitanas foram feitos com recurso a transportes coletivos, face aos 17,1% fixados como média europeia.

Atrás de Portugal, só fica mesmo a Lituânia com uma utilização de transportes coletivos de 10,1% e no extremo oposto, a liderar o ranking dos países que mais usam os transportes públicos nas suas deslocações, surgem a Hungria (31%), a República Checa (26%) e a Eslováquia (25,2%).

No que diz respeito à utilização de comboios, Portugal (4,2%) fica significativamente abaixo da média europeia (7,7%).

De realçar que, desde 2000, a Europa a 28 tem registado uma tendência de uso deste tipo de transportes (de 7,2% em 2000 passou para 7,7% em 2016), o que não é seguido pelos viajantes portugueses (de 4,6% em 2000 passou para 4,2% e 2016).

Quanto ao uso de autocarros, Portugal está também abaixo da média da Europa a 28 com um uso de 6,7% que compara com a média europeia de 9,4%, já na Hungria (21,7%), no Chipre (18,6%) e em Malta (17,4%) ficam significativamente acima da média do bloco e lideram esta tabela.

É sabido que entre 2014 a 2020 quase dois terços de todos os casos em que se ultrapassaram os valores limite da qualidade do ar estavam ligados ao tráfego intenso nas cidades e à proximidade de vias principais e estavam ligados ao óxido de azoto.

Seis países, com Portugal, reportaram o tráfego rodoviário como a única fonte de violação de limites.

Os outros países referidos foram a Áustria, Dinamarca, Finlândia, Países Baixos e Reino Unido (que ainda fazia parte da União Europeia).

Segundo o relatório da AEA ""Qualidade do ar na Europa 2021"", a exposição à poluição atmosférica causou uma quantidade significativa de mortes prematuras e doenças nos 27 Estados-Membros da UE em 2019, com 307.000 mortes prematuras atribuídas a partículas finas e 40.400 a dióxido de azoto.

E diz-nos a ZERO que no período entre julho de 2022 e julho de 2023 (inclusive), as emissões totalizaram 18,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono, mais 6,2% do que em relação ao período entre julho de 2018 e julho de 2019, antes da pandemia de Covid-19.


Sejamos sérios - basta de falácias e exijamos mais pedagogia para a melhoria e o maior uso dos transportes públicos !
Joffre Justino

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