Paulo Raimundo lembrou que o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão já tinha provado que “havia ‘cartel da banca’”, mas não era preciso, porque é óbvio que “há um negócio articulado da banca para sugar os bolsos” dos cidadãos.
“Nós sabemos como eles concertam taxas, comissões, como nós pagamos a todos: pagamos por ter cartão, por não ter, por ter crédito ou porque devíamos ter crédito, pagamos taxa porque é taxa ou porque devia haver taxa, pagamos todas e cada uma das comissões a todos eles. Portanto, não era preciso o tribunal provar”, disse.
O secretário-geral do PCP referiu que o “perdão à banca” da multa de 225 milhões de euros, ainda que seja “um escândalo”, corresponde “apenas a 15 dias de lucros da banca”, pelo que “ainda lhe sobravam 350 dias para continuar a encher os bolsos” à custa dos portugueses.
“Pois, mesmo assim, esta banca dos 14 milhões de euros de lucros por dia, conseguiu ter a ousadia de pôr em causa esta decisão do tribunal e de não querer pagar aquilo que devia pagar”, criticou, considerando que, “por vontade deles, será assim”.
“Por vontade do Governo, não haverá nenhuma benesse para as nossas vidas e todas as benesses vão para as Galps, as Vincis, as bancas deste país. Sabemos que o Governo conta, para esta operação, com o apoio do Chega, essa coisa que se diz antissistema, mas é o pior que o sistema tem para oferecer”, acusou.
Em comunicado, o PCP indicou que vai pedir a audição no parlamento da Autoridade da Concorrência (AdC) sobre esta matéria e defendeu que o Governo, Banco de Portugal e AdC deverão tomar “todas as medidas para aplicação das respetivas coimas”.
Depois, em declarações aos jornalistas, Raimundo foi questionado sobre o facto de Portugal ter caído nove lugares no Índice de Perceção da Corrupção 2024, obtendo o seu pior resultado de sempre.
O secretário-geral do PCP considerou que isso é natural, tendo em conta o “consequente e diário anúncio de problemas aqui e ali”, mas lamentou que essa perceção se baseie em questões “que são menores face ao grave problema de corrupção” que existe no país.
“Talvez seja mais fácil para ter a perceção da corrupção na Câmara Municipal, na junta de freguesia, neste ou naquele serviço, mas dificilmente se consegue apreender a dimensão da corrupção. A parte do leão, por exemplo, está em torno do negócio da Vinci e do aeroporto, dos 20 mil milhões de euros que estão por aí, algures nas mãos de alguém”, disse.