“O envio de cartas pelos Estados Unidos da América a instituições do ensino superior portuguesas constitui um flagrante desrespeito pela sua autonomia e pela soberania de Portugal, e constitui uma inaceitável ingerência nas decisões de instituições democráticas", lê-se num comunicado divulgado pelo gabinete de imprensa do PCP.

O PCP  reagiu assim ao inquérito, enviado a várias universidades portuguesas pelo Governo dos EUA com perguntas sobre "ideologia de género", ligações a organizações terroristas ou "agendas climáticas".

Para o PCP, este inquérito "é revelador da conceção reacionária da administração Trump" e "reflete a postura de quem se considera o dono do mundo e que lhes é devida vassalagem, o que é intolerável".

Este inquérito confirma que, para os EUA, "as relações internacionais não se pautam por princípios de cooperação e de respeito", mas pretendem antes "impor o seu domínio em todas as dimensões".

"Por tudo isto, é incompreensível que o Governo se tenha mantido em silêncio durante tanto tempo, o que também é bem demonstrativo da sua subserviência ao imperialismo norte-americano", considera o PCP.

O reitor da Universidade de Aveiro e presidente do Conselho de Reitores, Paulo Jorge Ferreira, referiu que universidades portuguesas que até agora têm beneficiado de financiamento dos EUA, através do programa American Corner, receberam sexta-feira, dia 07, uma inesperada comunicação da Embaixada norte-americana, com a rescisão unilateral das subvenções em vigor, caso não fosse preenchido um formulário com perguntas tidas como "inadequadas".

Do mesmo figuravam perguntas como "se não trabalham com entidades associadas a partidos comunistas, socialistas, ou totalitários", ou ainda se receberam financiamento da República Popular da China, incluindo os institutos Confúcio, da Rússia, Cuba, ou Irão.

Em reação a este questionário, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, considerou segunda-feira que é "contrário à Constituição", mas ressalvou que Washington tem soberania sobre os apoios que dá.

No âmbito de uma reunião ministerial, no Luxemburgo, Paulo Rangel acrescentou que "um Governo de um Estado estrangeiro não pode fazer" um inquérito como o que Washington fez às universidades portuguesas, tentando condicionar as políticas de inclusão de cada uma dessas instituições mediante perda de apoios.

Mas lá incomodar o “sr embaixador” obrigando-o a deslocar-se para explicações é que nao sra “q’ele manda”….