A inaugurar-se às 15h00 do dia 19, pretende "consciencializar as novas gerações de que a Liberdade que usufruem hoje assenta nas vidas daqueles e daquelas que fizeram da resistência ao fascismo o seu propósito".
António Dias Lourenço foi preso por duas vezes num total de 6.200 dias e, em ambas, torturado.
De acordo com o museu, adotou "um ligeiro sorriso constante" para que os torturadores não lhe vissem o sofrimento.
Após o 25 de Abril de 1974, desempenhou um papel interventivo na implementação da democracia, sendo deputado constituinte, deputado na Assembleia da República, membro do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP) e diretor do jornal Avante!, sendo considerado quem tentou levar o PCP ao hipotetico nao ou mal acontecido 25.11.75.
Nascido em Vila Franca de Xira em 25 de março de 1915, António Dias Lourenço foi torneiro mecânico e aderiu ao PCP com 17 anos.
Passou à clandestinidade em 1942, "assumindo a responsabilidade de tipografias e do aparelho central da distribuição da imprensa do Partido", como recordou o PCP aquando da sua morte.
Membro do Comité Central entre 1943 e 1996, participou na organização das greves de julho e agosto de 1943 e maio de 1945, assinalou o PCP, que lembrou ainda os 17 anos que Dias Lourenço passou nas cadeias da ditadura.
Em 1949 foi preso e esteve em Caxias e no Aljube antes de ser mandado para Peniche, onde "eram comuns os castigos aos presos, colocados por longos períodos no 'Segredo', um pequeno espaço sem luz, localizado junto à muralha", lembra o Museu do Aljube, no seu 'site'.
"Foi durante um desses castigos que Dias Lourenço pôs em marcha o plano de fuga, cortando a almofada inferior da porta do 'Segredo' com uma faca. Os 15 dias de castigo não seriam, no entanto, suficientes para terminar a empreitada e Dias Lourenço fez por lá voltar.
Na noite de 17 de dezembro de 1954 concluiu a tarefa de cortar o postigo e saiu para o exterior com corda feita de cobertores numa descida para um mar de dezembro, frio e revolto", conta a história publicada no 'site' do museu.
O problema, entre outros, é que "a corda de cobertores era demasiado curta e Dias Lourenço deixou-se cair para o oceano", tendo nadado para terra, "com as dificuldades acrescidas pela maré que o empurravam para longe da costa, e graças à solidariedade dos trabalhadores de uma carrinha de peixe, que aceitaram escondê-lo e levá-lo ao Bombarral".
A fuga foi contada no filme precisamente com esse título, de Luís Filipe Rocha, em 1977.
A exposição pode ser visitada até ao dia 25 de março de 2025, de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00.
O MNRL, na Fortaleza de Peniche, no distrito de Leiria, foi criado em 2017 e veio a abrir portas a 25 de abril de 2019, com a exposição 'Por Teu Livre Pensamento', que antecipou os conteúdos do museu em construção.
A fortaleza, classificada como Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo, de onde se conseguiu evadir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao regime ditatorial.