Segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de variação homóloga do IPHab atingiu os 7,8%, um aumento de 0,8 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. Este aumento coloca novamente o setor sob escrutínio, levantando questões sobre a acessibilidade e sustentabilidade do mercado de habitação em Portugal.
A dinâmica de preços revela uma tendência mais acentuada nas habitações existentes em comparação com as novas. Entre abril e junho, as habitações existentes registaram uma valorização de 8,3%, enquanto as novas subiram 6,6%. Esta disparidade pode refletir uma maior procura no mercado de imóveis já construídos, impulsionada, em parte, pela sua disponibilidade imediata e, muitas vezes, pela localização em áreas mais consolidadas.
Apesar desta diferença, ambos os segmentos apresentaram uma variação positiva em relação ao trimestre anterior, com aumentos de 3,9% para as habitações existentes e de 3,8% para as novas. Estes valores representam uma aceleração em comparação com os primeiros três meses do ano, onde o crescimento do IPHab foi de apenas 0,6%. A tendência de aumento nos preços, tanto de imóveis novos como existentes, reflete uma pressão constante no mercado imobiliário, alimentada por uma procura que, até agora, não dá sinais de abrandamento.
Outro dado relevante do segundo trimestre de 2024 é o aumento no número de transações de imóveis. Foram transacionadas 37.125 habitações, um crescimento de 10,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este aumento é especialmente significativo, uma vez que representa o primeiro crescimento homólogo desde o segundo trimestre de 2022, rompendo com uma tendência negativa que se vinha a verificar nos trimestres anteriores.
As habitações existentes continuam a dominar o mercado, representando 79,8% do total de transações, com 29.630 unidades vendidas. O crescimento de 10,6% em relação ao mesmo período de 2023 é um indicador claro da procura estável por este tipo de imóvel, apesar das flutuações nos preços. Já no segmento das habitações novas, houve um total de 7.495 transações, um aumento de 9,8% face ao mesmo período do ano anterior, refletindo também um interesse crescente por parte dos compradores.
O mercado imobiliário português está, indubitavelmente, a atravessar um período de grande dinamismo, com preços a subir e um aumento das transações. No entanto, estas tendências levantam preocupações sobre a acessibilidade da habitação para a maioria das famílias, bem como sobre o impacto deste crescimento no longo prazo.
Se, por um lado, o aumento no número de transações pode ser interpretado como um sinal positivo para o setor, por outro, a contínua subida dos preços pode criar barreiras de entrada para novos compradores e aumentar a pressão sobre os arrendatários.
Será fundamental acompanhar de perto a evolução do mercado nos próximos trimestres para compreender até que ponto este crescimento é sustentável, tanto em termos económicos como sociais.
Com o mercado de habitação a mostrar sinais claros de recuperação e valorização, o futuro do setor continuará a ser uma área de grande interesse, tanto para investidores como para consumidores. O equilíbrio entre oferta e procura, assim como a intervenção do Estado na regulação do mercado, poderão ser fatores decisivos na evolução dos preços e na acessibilidade da habitação em Portugal.
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