Em 2017, apenas 75% da pesca de atum provinha de estoques considerados sustentáveis. Hoje, essa proporção ultrapassa os 90%, fruto de melhorias importantes nos últimos anos. Um exemplo é o ressurgimento do atum bluefin do Atlântico, outrora desaparecido, agora observado novamente ao largo da costa sul de Inglaterra e da Irlanda.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), esta recuperação é resultado direto de medidas coordenadas entre governos em cinco regiões de gestão do atum, com base em recomendações de pescadores, cientistas e gestores. Estas ações integram o Projeto Atum Oceanos Comuns, que visa garantir que todos os grandes estoques de atum sejam pescados de forma sustentável até 2027.
De acordo com os dados mais recentes, apenas 2 dos 23 estoques principais estão atualmente a ser explorados de forma excessiva — um avanço notável. No entanto, os desafios persistem: desde os efeitos da mudança climática que alteram os padrões de migração do atum e encarecem a pesca, até à captura acidental de aves marinhas, tartarugas e mamíferos marinhos, como os albatrozes, cuja sobrevivência está em risco.
O Tratado de Altos Mares, recentemente promovido pela ONU, reforça a necessidade de proteger a biodiversidade dos oceanos e manter uma vigilância contínua sobre práticas insustentáveis.
Os números também revelam a importância estratégica do atum: dois terços das capturas acontecem no Pacífico, 23% no Índico e 11% no Atlântico. Os atuns, predadores de sangue quente que atingem velocidades superiores a 43 km/h, podem mergulhar a grandes profundidades e migrar milhares de quilómetros em busca de alimento. Algumas espécies do atum-azul do Pacífico chegam a percorrer mais de 6.000 milhas náuticas, deslocando-se em cardumes de até 30 km de largura.
Garantir a continuidade desta espécie icónica exige mais do que apenas regulamentação: exige consciência coletiva, inovação e compromisso global com um futuro onde a saúde humana e a saúde dos oceanos caminhem lado a lado.