Embora Tarcísio tenha apontado uma “redução consistente da inflação” e “crescimento nominal” como méritos das políticas de Milei, a realidade vivida pela população argentina revela uma crise social devastadora.
Um levantamento recente do Observatório Social da Universidade Católica Argentina mostra que 49,9% da população está abaixo da linha de pobreza, o que representa cerca de 23 milhões de pessoas.
As políticas ultraliberais de Milei incluíram cortes profundos nas despesas públicas, o que provocou um colapso nos serviços básicos e na infraestrutura social.
Obras públicas foram congeladas e milhares de trabalhadores do setor público foram demitidos.
A combinação de inflação e desvalorização cambial deteriorou rapidamente o poder de compra dos argentinos.
Enquanto Tarcísio exalta os supostos êxitos econômicos argentinos, economistas destacam que qualquer estabilização recente ocorre às custas de um custo social altíssimo.
O desemprego no setor privado aumentou, e o mercado imobiliário passou a operar quase exclusivamente em dólares, tornando moradia uma realidade inatingível para boa parte da população.
Se a Argentina “sabe o que está fazendo”, como afirma o governador paulista, os números sociais indicam que o preço pago pela sociedade é desumano. Transformar esse modelo em inspiração para o Brasil implica assumir riscos profundos para milhões de brasileiros que dependem de serviços públicos essenciais e empregos formais.
O fascio presidente da Argentina, o louco Milei, consrguiu que o índice mensal de preços caisse dos 25,5% em dezembro de 2023 para 4,6% em junho deste ano a ainda que o acumulado seja de expressivos 271,5% nos 12 meses, mas essa desaceleração tem sido um dos trunfos da gestão.
Além da inflação exorbitante, estão no centro do problema a dívida pública, a falta de reservas em dólar e a desvalorização da moeda local.
Entretanto o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina recuou 5,1% no 1º trimestre em comparação com o mesmo período de 2023, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) do país
Em relação ao último trimestre do ano passado, o PIB argentino encolheu 2,6%, marcando a segunda queda trimestral consecutiva.
Com o resultado, a economia argentina entrou em recessão técnica — quando a atividade econômica de um país cai por dois trimestres seguidos.
Eus o resultado do corte de gastos e mas o certo é que as ‘contas certas’ estão no foco de Milei.
A ideia é que, melhorando a parte fiscal, a economia argentina dê mais confiança aos investidores, destrave investimentos privados e passe a andar nos trilhos.
Para a população, as medidas têm sido dolorosas.
O chamado "Plano Motosserra" — referência ao corte de gastos — determinou uma desvalorização do câmbio, paralisação de obras públicas e o corte de subsídios em tarifas de serviços essenciais.
A inflação desacelerou, mas a base de comparação também subiu. Desde o início do ano, os preços de água, gás, luz e transporte público estão bem mais altos.
"Não acho que [a inflação] ande de mãos dadas com os aumentos salariais e impostos", disse à agência de notícias Reuters o cabeleireiro Gustavo García, no mercado central de Buenos Aires. "A inflação cotidiana é muito maior do que 4% ou 5%."
O PIB argentino também levou um tombo de 5,1% no primeiro trimestre, o mercado de trabalho piorou e a pobreza subiu.
Em sua posse, Milei avisou que a economia ia piorar antes de ver resultados. Por isso, apesar do custo social, as medidas iniciais elevaram os ânimos do mercado financeiro.
Como planeado e apesar da impopularidade das medidas, as reservas em dólar aumentaram e a Argentina registrou, no primeiro trimestre, seu primeiro superávit fiscal desde 2008.
Ainda assim, o câmbio continua instável, o crescimento das reservas não é rápido o suficiente e a dívida pública continua sendo um fantasma para a equipe econômica.
Passados sete meses, o fator longo prazo começa a preocupar quem apoiou as medidas de choque de Milei.
O desconforto ficou claro em uma declaração recente do bilionário argentino Paolo Rocca, CEO da Tenaris, fornecedora mundial de tubos para perfuradoras de petróleo.
Antes otimista quanto ao ritmo de mudança econômica do país, ele passou a ponderar assim as expectativas “Provavelmente estávamos todos otimistas demais ao pensar que isso [estabilização econômica] poderia ser feito em um prazo mais curto”, disse, durante uma teleconferência de resultados trimestrais.