Ao abrir o debate, o Professor Casqueira sublinhou que o conceito do eterno feminino, embora controverso, está intimamente ligado a uma visão universalista da maçonaria. A ideia de uma "Grande Deusa Mãe" como princípio energético responsável pela harmonização e equilíbrio social e psicológico ressoa profundamente com a identidade portuguesa. Este conceito não é apenas um reflexo de valores maçónicos, mas também uma expressão da “paideia” portuguesa – as características culturais e espirituais que moldam a nossa identidade como povo.
Durante a conversa, o Professor Casqueira destacou a importância de integrar visões alternativas e narrativas míticas para compreender a totalidade da experiência humana. Citando Fernando Pessoa, ele defendeu que o mito, ao enformar a sociedade e a visão do mundo, possui uma realidade intrínseca. Esta abordagem permite uma compreensão mais ampla da influência do feminino na construção da sociedade portuguesa, além de superar uma visão meramente historicista e académica.
A análise do Professor Casqueira levou-nos a revisitar figuras femininas significativas da história e mitologia portuguesas. Ele relembrou a série "Conta-me História", onde, juntamente com o historiador Boinas, explorou de forma pedagógica e leve aspectos menos conhecidos da história de Portugal, sempre destacando a presença poderosa e matriarcal na alma portuguesa.
A referência à Santa Brígida e à tradição matriarcal celta que a acompanha exemplifica como a influência do feminino está profundamente enraizada na história de Portugal. A tradição de figuras femininas associadas à fertilidade, harmonia e regeneração revela uma continuidade de culto e veneração que transcende o tempo e permeia a cultura popular.
Um dos momentos mais marcantes da discussão foi a explicação sobre as "pedras geratrizes", que simbolizam a energia geradora feminina. A prática de mulheres grávidas se sentarem em pedras sagradas para assegurar um parto seguro é um exemplo de como rituais antigos ainda sobrevivem na religiosidade popular. Esta prática, embora esotérica, reflete a continuidade e resiliência do culto ao feminino na cultura portuguesa.
A conversa culminou com uma reflexão sobre a espiritualidade inerente ao rito português, onde o feminino desempenha um papel essencial. O Professor Casqueira sublinhou a importância de reconhecer e valorizar esta dimensão espiritual para compreender a profundidade da identidade portuguesa. Ele argumentou que o esquecimento desta herança espiritual feminina contribui para as angústias e desafios da sociedade contemporânea.
Encerrando a sessão, o Professor Casqueira evocou a imagem simbólica da “Rosa de Fogo” para descrever a transmutação espiritual que Portugal deve almejar. Esta metáfora encapsula a necessidade de integrar o amor, a harmonia e a espiritualidade feminina na nossa evolução como nação.
Este vodcast não só ilumina a importância do eterno feminino na maçonaria e na cultura portuguesa, mas também nos convida a refletir sobre como estas tradições podem orientar-nos em direção a um futuro mais equilibrado e harmonioso.
Como bem diz o Professor Casqueira, "Portugal vale a pena" – e compreender a profundidade do feminino em nossa herança cultural é essencial para a realização deste potencial.
Para concluir, vale destacar as palavras do Past Grão-Mestre Pestana Dias, que sintetizam a essência desta discussão sobre o eterno feminino e a sua importância na nossa identidade cultural e espiritual:
Morgado Jr.